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Senadores do Partido Ação Nacional (PAN) denunciaram nesta segunda-feira (20) que os governos federal e da Cidade do México contrataram 585 médicos cubanos que não tinham diploma universitário para atender pacientes com Covid-19 no México.
Em seu Twitter oficial, Julen Rementería, coordenador do PAN no Senado mexicano, revelou vários documentos que obteve de fontes oficiais e que mencionam que esses médicos, contratados para ajudar no combate à pandemia, não tinham um título que comprovasse experiência na área.
Rementería anunciou que pediu a seis agências públicas, através de pedidos de informação, dados que permitissem conhecer a capacidade profissional dos médicos cubanos contratados pelo México para enfrentar a batalha contra a Covid-19 em 2020. De acordo com os dados apresentados, tanto o governo federal como o da capital gastaram pouco mais de 255,87 milhões de pesos (cerca de US$ 12,7 milhões) na contratação dos especialistas.
Com base nos documentos, a Secretaria de Bem Estar, através de um acordo de colaboração, transferiu mais de 135 milhões de pesos (US$ 6,74 milhões) para o governo federal em 21 de abril de 2020 para ajudar na crise. Apenas três dias depois, em 23 de abril, a chefe do governo da Cidade do México, Claudia Sheinbaum, assinou dois acordos bianuais com o governo cubano, do ditador Miguel Díaz-Canel, totalizando mais de 255,87 milhões de pesos (US$ 12,69 milhões).
Rementería afirmou que, neste acordo, o Ministério da Saúde cubano se comprometeu a “garantir que o pessoal enviado para o México tenha plena capacidade e experiência”. Contudo, explicou, que quando solicitou informações sobre os médicos contratados, instituições como o Instituto Mexicano de Segurança Social e o Instituto de Segurança e Serviços Sociais para os Trabalhadores do Estado (Issste) não puderam fornecer dados, o que o levou a concluir que os profissionais de saúde eram “falsos”.
Denunciou também que a Comissão Nacional de Arbitragem Médica (Conamed) permitiu que “estrangeiros sem diploma médico exerçam oficialmente funções de saúde no México”, e acusou o Instituto Nacional de Migração (INM) de deixar 585 pessoas entrarem “sem saber quem são ou por que estão vindo”. Rementería disse que esta investigação “prova” que uma “fraude” de centenas de milhões de pesos foi orquestrada contra os cofres públicos.
Além disso, pediu às autoridades sanitárias para que forneçam os documentos dos pacientes que foram tratados por estes “falsos médicos” e descubram quantos mexicanos morreram “por causa desta fraude”, de modo a indenizar as famílias afetadas e levar os responsáveis à Justiça.
Em abril de 2020, o secretário da Saúde do México, Jorge Alcocer, assinou um acordo que autorizava os governos locais a “contratar profissionais de saúde formados no exterior” durante a duração da pandemia. A decisão gerou polêmica no país, devido ao custo dos serviços médicos e das atividades que eles desempenhariam. Em dezembro do mesmo ano, Sheinbaum anunciou que 500 médicos cubanos chegaram à Cidade do México para ajudar com a pandemia na capital mexicana, que à época vivia o auge da segunda onda de contágios.