A oposição ao governo do presidente da Bolívia, Evo Morales, afirmou nesta sexta-feira (29) que prepara uma resposta enérgica à decisão do dirigente de realizar em dezembro um plebiscito para colocar em vigor uma nova e polêmica Constituição.
O anúncio feito pelos opositores parece confirmar o aviso dado por observadores e políticos de que a Bolívia percorrerá um caminho cheio de obstáculos até o dia da consulta popular, com a qual Morales pretende colocar um ponto final ao longo período de enfrentamento com seus adversários, concentrados nas regiões mais ricas do país.
O líder boliviano, fortalecido pelo resultado de um referendo de confirmação de mandato no qual obteve mais de 67 por cento de apoio, convocou, ao mesmo tempo, a consulta sobre a Constituição e a eleição, pela primeira vez, de subprefeitos de 112 províncias e assembléias dos Departamentos do país.
"A decisão muda o cenário político e nos obriga a dar uma resposta contundente contra o totalitarismo", afirmou a repórteres Carlos Dabdoub, secretário de autonomia e nome forte do governo do Departamento de Santa Cruz, motor econômico do país e principal base da oposição.
Segundo Dabdoub, os governadores de ao menos quatro Departamentos da Bolívia, que há dois dias haviam pedido a mediação da Organização dos Estados Americanos (OEA) e da Igreja Católica, reuniram-se na sexta-feira para tomar decisões. O secretário, no entanto, adiantou que a "linha de rechaço" ao referendo já está definida.
O governo boliviano, que pretende dar maior poder à maioria pobre e de origem indígena do país e reforçar o controle estatal sobre a economia, acusou os governadores da oposição de proteger os fazendeiros e de impedir que a autonomia seja conquistada também pelos povos indígenas e pelas províncias, como prevê a Constituição, e não apenas pelos Departamentos.
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