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Os partidos da oposição na Rússia criticaram neste sábado a designação do primeiro-ministro, Vladimir Putin, como candidato presidencial sem sequer pôr em dúvida sua vitória.

O líder do até agora partido governista "Rússia Justa", Sergei Mironov, até pouco tempo atrás presidente do Senado e oficialmente "número três" no Estado russo, disse que seu partido não vai apoiar a candidatura de Putin à Presidência.

"Esperava notícias do congresso da Rússia Unida (partido governante liderado por Putin), mas não estas", admitiu.

Mironov afirmou que "o povo está farto de mentiras e promessas vãs, cansado da prepotência, da falta de profissionalismo, além da corrupção e da burocracia".

"No país nada caminha como deveria e a culpa é do monopólio de poder do Rússia Unida", insistiu.

Em seu congresso neste sábado, o Partido Comunista defendeu por "mudar a ditadura da lavagem de cérebros, do dinheiro e do cassetete policial por uma concorrência política real", declarou o líder comunista Gennady Zyuganov.

Segundo o dirigente comunista, a dupla de poder formado por Putin e o atual presidente, Dmitri Medvedev, "se vê obrigado a manobrar, porque qualquer outra mudança aceleraria o fracasso da política dos últimos anos".

Os comunistas, acrescentou, farão de tudo para que o pleito legislativo de dezembro e as presidenciais de março de 2012 sejam "honestos e transparentes", mas advertiu que será um "jogo em campo alheio, de acordo as regras alheias e com um árbitro subornado".

"A modernização no mundo atual é antes de tudo a renovação do poder. A armação da dupla não é uma renovação do poder e nada tem a ver com a modernização", declarou o líder do partido liberal, Sergei Mitrokhin.

A força opositora mais radical, o Partido de Liberdade Popular (PLP), defendeu neste sábado a ideia de um candidato opositor único.

"Os liberais confiavam em Medvedev, mas ele elegeu de sucessor Putin, isso parece uma história interminável", comentou o escritor e político Eduard Limonov.

Com a mesma opinião está outro líder do PLP, Boris Nemtsov, para quem "o imobilismo no poder é a pior opção para a Rússia", que "acelera o declive, a fuga de capitais, emigração e degradação dos organismos do Estado".

Rússia Justa, o Partido Comunista e o PLP realizaram neste sábado seus congressos para o pleito legislativo, que coincidiram com o do governante Rússia Unida (RU).

Com estrondosas ovações acolheram os delegados da RU a promoção de seu líder e atual primeiro-ministro, Vladimir Putin, como candidato à Presidência.

Por sua vez, Medvedev se dedicará ao "trabalho de partido" na Rússia Unida e liderará o Governo em caso de vitória, que ele mesmo deu como certa para Putin.

O congresso decidiu adotar como programa os discursos de Putin e Medvedev, que renovaram as promessas eleitorais do primeiro com a retórica reformista favorável a modernização do segundo.

Putin prometeu aumento de salários e facilidades aos servidores do setor público, e defendeu por "maiores impostos para os ricos do que para a classe média".

Isso significaria o fim do percentual único de imposto de renda da pessoa física na Rússia, que permitiu solucionar os problemas de arrecadação no início da década passada.

Propôs "melhorar o clima" para os negócios, "garantir regras justas de concorrência, uma política econômica estável e previsível".

Putin prometeu, além disso, o rearmamento total das Forças Armadas da Rússia "nos próximos cinco a dez anos".

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