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Manifestação

Oposição russa retoma protestos contra Putin a um mês das eleições

A oposição da Rússia retoma neste sábado (4) os protestos contra o governo a exatamente um mês das eleições presidenciais, em um dia no qual os partidários do primeiro-ministro russo, Vladimir Putin, também realizarão uma contramanifestação.

"O lema do protesto opositor será 'Por eleições presidenciais limpas e justas'. Putin diz que persegue o mesmo objetivo, mas nossos meios são diferentes", afirmou nesta sexta-feira (3) um porta-voz da organização do ato.

A oposição não parlamentar mobilizou nas últimas duas semanas todos os seus ativistas para relançar o movimento de protesto contra a fraude eleitoral, que no dia 24 de dezembro reuniu mais de 100 mil descontentes na avenida Sájarov de Moscou.

"O frio - a previsão é de 20 graus abaixo de zero - não influencia no ânimo dos cidadãos, mas somos realistas. Esperamos que compareçam 40 mil pessoas", disse a fonte.

A passeata, que percorrerá dois quilômetros e meio pelo centro da capital russa, começará às 13h (7h de Brasília) e os participantes terão que passar por detectores de metais antes de juntar-se à manifestação.

"As câmeras prometidas por Putin não garantirão a transparência do pleito. Essa é uma medida insuficiente, já que não servirá para controlar a apuração", destacou o opositor.

A oposição mantém suas reivindicações pela renúncia do presidente da Comissão Eleitoral Central, Vladimir Chúrov; a libertação dos presos políticos e a anulação dos resultados das eleições parlamentares de dezembro e sua repetição.

"A Duma (Câmara dos Deputados) é ilegítima. Exigimos sua dissolução", ressaltou a fonte, em relação às denúncias que Chúrov manipulou os resultados eleitorais para que o partido de Putin, Rússia Unida, conseguisse a maioria parlamentar.

Ao mesmo tempo que Chúrov se nega a renunciar, o presidente russo, Dmitri Medvedev, garantiu que as passadas eleições foram "as mais limpas" da história contemporânea do país.

Perante o bloqueio informativo ao qual são submetidos pelos meios de comunicação governistas, líderes opositores como Boris Nemtsov, vice-primeiro-ministro com o ex-presidente Boris Yeltsin, saíram às ruas para distribuir convites e folhetos explicativos sobre a passeata.

No sábado, ao término da manifestação, dez políticos e ativistas discursarão perante a multidão, que incluirá liberais, comunistas, nacionalistas, social-democratas e diversas organizações antigovernamentais.

No último momento, os candidatos à presidência russa - o comunista Gennady Ziugánov, o social-democrata Sergei Mironov e o multimilionário Mikhail Prójorov - recusaram o convite para participar da passeata e discursar para os insatisfeitos com Putin.

Esta decisão indignou os organizadores, que acreditam que os candidatos se deixaram amedrontar pelo Kremlin, mas descartam que isso vá repercutir na magnitude e no sucesso da manifestação, que terá sua continuação no final de fevereiro, a uma semana das eleições presidenciais.

Por outro lado, grupos patrióticos ligados ao Kremlin convocaram um ato para defender a candidatura de Putin, cujo anúncio que tinha decidido há quatro anos que retornaria ao Kremlin em 2012 foi um dos detonadores dos atuais protestos.

"A situação pré-eleitoral é complicada. Pela primeira vez se uniram em uma plataforma contra Putin candidatos com ideais diametralmente opostos", reconheceu hoje Ludmila Shvetsova, chefe de campanha do primeiro-ministro em Moscou.

Segundo a imprensa, do ato de apoio a Putin participarão não mais que alguns milhares de pessoas; além disso, a oposição denunciou que muitos funcionários e estudantes estão sendo obrigados a comparecer sob ameaça de represálias.

Putin, que percorreu nas últimas semanas o país de ponta a ponta fazendo campanha, advertiu para o perigo que a oposição tente deslegitimar o pleito caso ele seja o vencedor.

De acordo com as pesquisas, 65% dos russos acreditam que Putin ganhará as eleições e muitos deles pensam que seu voto não decidirá o vencedor por preverem que haverá tantas falsificações como nos pleitos parlamentares do dia 4 de dezembro.

O parêntese nos protestos antigovernamentais devido às festas de Ano Novo russo favoreceu Putin, que recuperou quase dez pontos em intenções de voto nas últimas semanas, segundo algumas pesquisas. EFE

io/rsd

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