Rebeldes sírios conseguiram enviar para fora do país amostras colhidas das vítimas do suposto ataque com armas químicas ocorrido na última quarta-feira. O objetivo é ter o material examinado por especialistas.
"Nós colhemos as amostras e mandamos para fora da Síria", disse à Reuters, em Istambul, o secretário-geral da Coalizão Nacional Síria, Badr Jamous. Ele se negou a dizer para onde as amostras foram enviadas. Há informações de que o material foi mandado para a Jordânia.
O presidente sírio, Bashar Assad, está sob crescente pressão internacional para permitir que os inspetores da ONU que estão na Síria investiguem o suposto ataque desta semana na região suburbana de Ghouta, em Damasco, controlada por rebeldes.
A oposição diz que poderia garantir a segurança dos inspetores em áreas sob seu controle. "É crucial que esses inspetores cheguem lá em 48 horas", disse Khaled Saleh, porta-voz da coalizão oposicionista, em entrevista coletiva.
Ele aparentemente estava respondendo a insinuações feitas pelo governo russo de que a oposição síria estaria obstruindo uma investigação objetiva sobre o ataque. Segundo partidários de Assad a Rússia entre eles , rebeldes sírios teriam armado o ataque, que matou centenas de pessoas durante o sono, para incriminar o governo.
Ativistas sírios já haviam dito que pretendiam enviar amostras colhidas das vítimas para os inspetores da Organização das Nações Unidas (ONU) que chegaram no domingo passado a Damasco a fim de investigar três supostos ataques químicos anteriores, de proporções menores.
A coalizão oposicionista disse ter informações preliminares baseadas em múltiplas fontes incluindo um membro das forças de Assad de que 16 mísseis foram lançados em um ataque inicial, pouco depois de 2h30 de quarta-feira (20h30 de terça em Brasília).
Obama pede mais esclarecimentos
Folhapress
O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, disse que a comunidade internacional precisa saber mais sobre a acusação de ataque químico na Síria e pediu que Damasco autorize a investigação. Questionado sobre uma intervenção, descartou que a ação militar possa dar fim ao conflito sectário.
As declarações foram exibidas ontem pela rede de televisão CNN, dois dias após a oposição síria denunciar a ocorrência de um ataque químico em quatro cidades ao leste da periferia de Damasco, área que é dominada por rebeldes.
Segundo os insurgentes, o regime de Bashar Assad bombardeou a área com um gás que causou a morte de centenas de pessoas. Damasco nega a acusação e afirma que as alegações contra suas forças são "ilógicas e fabricadas".
Na entrevista, Obama afirmou que está em contato com a comunidade internacional para pressionar por uma investigação dos observadores da Organização das Nações Unidas (ONU), no país desde domingo passado. "O que vimos indica que é claramente um grande evento, de muita preocupação, e estamos em contato com toda a comunidade internacional".
Ele não comentou se pretende fazer uma intervenção militar no país, como prometeu caso fosse provado o uso do armamento. No entanto, descartou que a ação de tropas americanas fosse a solução, já que, além da guerra civil, o país está imerso em um conflito sectário.
"A noção de que os EUA podem de alguma forma resolver um complexo problema sectário dentro da Síria algumas vezes é exagerada", disse Obama.