Acampamento de Yayladagi, na fronteira com a Turquia: civis que auxiliam refugiados estariam sendo ameaçados pelo governo sírio| Foto: Mustafa Ozer/AFP

Resposta

Ditador fará discurso hoje

O ditador da Síria, Bashar Assad, fará hoje um discurso à nação sobre a atual situação no país, informou a agência de notícias estatal Sana. O discurso está previsto para o meio-dia.

O anúncio deste pronunciamento coincide com a intensificação dos protestos contra o regime de Assad em todo o país e o êxodo de milhares de refugiados à Turquia. Segundo o grupo opositor Observatório Sírio para os Direitos Humanos, 1.310 civis e 341 militares e policiais morreram desde meados de março pela repressão às manifestações.

Em seu primeiro discurso, realizado perante o Parlamento em 30 de março, Assad considerou que as reformas políticas não eram prioritárias e disse que não podiam estar ligadas a razões temporários ou ao clima de revoltas na região.

Nessa ocasião, afirmou que assuntos como a derrogação do estado de emergência, vigente desde 1963, e a formação de novos partidos políticos não eram prioridade.

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Após meses de uma revolta popular que deixou mais de 1.200 mortos, rebeldes sírios anunciaram ontem a criação de um conselho nacional político contra o regime de Bashar Assad.

A medida segue o exemplo dos rebeldes líbios, que criaram, em fevereiro, o Conselho Nacional de Transição, que visa a preparar o terreno política e economicamente para a queda do ditador Mua­mar Kadafi, o que a insurgência dá como inevitável.

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O conselho sírio foi anunciando em Jarbet al Joz, cidade situada perto da fronteira com a Turquia, por Jamil Saib, apresentado como porta-voz do novo órgão.

"Para dirigir a revolução, o conselho é formado por comunidades e representantes de forças políticas de dentro e de fora do país", disse.

Especula-se que o conselho ajude a centralizar eventuais apoios do exterior, como ocorre com o líbio, já referendado como único representante do povo por Alemanha, Espanha, França, Itália, Reino Unido, Qatar, Gâmbia, Jordânia, Canadá, Áustria e Malta. Os Estados Unidos chegaram a convidar os rebeldes opositores de Kadafi a abrir um escritório em Washington.

O regime de Assad comanda uma campanha de forte repressão às manifestações da oposição na Síria, com medo de perder o controle de parte do país – como ocorreu na Líbia, onde o leste foi controlado pelos rebeldes.

Ainda ontem, ativistas de direitos humanos disseram que tropas do ditador sírio incendiaram casas e uma padaria perto da fronteira com a Turquia, por onde milhares de sírios já fugiram.

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Eles acusam o Exército de promover uma caçada a pelo menos 12 mil pessoas deslocadas de suas casas pela violência da repressão a protestos pró-democracia na província de Idlib, no norte do país. Milhares de sírios estariam nos arredores da fronteira com a Turquia – sendo impedidos pelas forças de segurança de cruzar em direção ao país vizinho, onde outros mais de dez mil refugiados já se aglomeram em tendas improvisadas pelo Crescente Vermelho (a versão islâmica da Cruz Vermelha).

Veto

Outro desenvolvimento da crise ocorrido ontem foi o pronunciamento do presidente russo, Dimitri Medvedev, de que Moscou utilizará seu direito a veto na ONU contra toda resolução sobre a Síria, por medo de que o Ocidente acabe bombardeando o país assim como está fazendo com a Líbia. Ele argumentou que a coalizão internacional que intervém na Líbia fez uma interpretação abusiva da resolução que autorizava fazer ataques aéreos. "Escreverão em uma resolução: 'Condenamos o uso da força na Síria', e em seguida alguém enviará aviões. Então nos dirão: 'Bem, está escrito que condenamos e aí está, condenamos e enviamos alguns bombardeiros'", justificou.