Mediação
Kofi Annan é enviado da ONU para solucionar crise
O ex-secretário-geral das Nações Unidas, Kofi Annan, foi nomeado ontem enviado conjunto das Nações Unidas e da Liga
Árabe para a crise síria, com a meta de trabalhar para acabar com a violência na Síria e promover uma solução política pacífica para o país.
Annan deve trabalhar fazendo gestões dentro e fora da Síria para acabar com a violência e a crise humanitária, para facilitar uma solução política inclusiva e pacífica, segundo comunicado divulgado.
Mais de 7,5 mil pessoas foram mortas em 11 meses de protestos contra o presidente Bashar Assad, na Síria, segundo ativistas. Há uma crescente pressão internacional por uma iniciativa para acabar com a violenta repressão no país.
Obama promete usar todos os instrumentos para deter mortes
Folhapress
O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, afirmou ontem que o país usará "todos os instrumentos possíveis" para deter a morte de civis na Síria, que chamou de "matança".
Obama apoiou a reunião de 70 países na Tunísia, onde se decidiu aumentar a pressão ao ditador Bashar al Assad, que mantém a ofensiva conta opositores.
"Devo dizer que aqueles de nós que vimos as imagens terríveis na Síria, recentemente de Homs, reconhecemos que é absolutamente imperativo que a comunidade internacional se reúna e envie uma mensagem clara ao presidente Assad", afirmou.
O presidente pediu que os países não sejam meros espectadores dos acontecimentos e disse que Assad precisa entender que "chegou a hora da transição, a hora de ir embora chegou para seu regime, chegou a hora de acabar com os assassinatos de sírios por parte de seu governo".
Mais cedo, a secretária de Estado americana, Hillary Clinton, afirmou na Tunísia que é preciso que a comunidade internacional se esforce para que Rússia e China mudem sua opinião a respeito das medidas contra o regime sírio.
A chefe da diplomacia americana pediu um aumento das "proibições de viagens aos altos responsáveis do regime, congelamento de seus bens, boicote ao petróleo sírio, suspensão de qualquer novo investimento e estudar o fechamento das embaixadas e consulados".
Membros da oposição síria pediram ontem que a comunidade internacional dê armas e munição aos grupos rebeldes, equipando a insurgência contra a repressão do regime de Bashar Assad.
O apelo do Conselho Nacional Sírio, feito durante encontro do grupo autodenominado "Amigos da Síria", na Tunísia, recebeu aceno da Arábia Saudita. Saud al Faisal, ministro do Exterior, considerou o pedido "uma ótima ideia". "Eles têm de se proteger", disse.
O Exército Livre Sírio, composto de desertores, já faz contrabando de armas no mercado negro. Mas não há, hoje, apoio militar formal da comunidade internacional. O regime de Assad reclamou repetidas vezes do que diz ser uma conspiração internacional para sua queda.
A oposição síria recebeu outro sinal positivo ontem, após William Hague, chanceler britânico, ter dito que o país irá reconhecer a oposição como "representante legítimo do povo sírio".
Paralelamente, Ahmet Davutoglu, ministro do Exterior da Turquia, pediu que o restante do mundo encontre uma maneira de negar ao regime sírio "os meios com que perpetra atrocidades contra o povo". "Temos de encontrar modos de forçar um embargo de armas", afirmou.
Outras nações fizeram propostas durante a reunião dos "Amigos da Síria", incluindo a sugestão de uma saída negociada de Assad que poderia se exilar na Rússia.
A liderança do Conselho Nacional Sírio, porém, mostrou-se decepcionada com o encontro e afirmou que o evento não atingiu as expectativas do povo sírio.
O Brasil participou do encontro enviando Luiz Eduardo Mayer Ferreira, número dois da sua embaixada na Túnisia.
Hamas
Além da reunião dos "Amigos da Síria", a insurgência do país teve outra vitória diplomática, com a declaração do grupo palestino Hamas de que apoia a revolta no país. "Faço saudação ao povo heroico da Síria, que luta por liberdade, democracia e reforma", afirmou Ismail Haniyeh, líder do Hamas.
Ao endorsar os rebeldes, o Hamas deu as costas publicamente a Assad, aliado de longa data. Dessa maneira, o ditador perdeu um de seus únicos pontos de apoio sunita no mundo árabe, tornando-se ainda mais isolado.
Um porta-voz do Comitê Internacional da Cruz Vermelha afirmou que foi dado início à retirada dos feridos e adoentados em Homs, além de mulheres e crianças. A cidade, sitiada, está sob fogo intenso a mando do regime sírio.
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