Diferentes grupos de oposição da Síria, incluindo representantes dos rebeldes islâmicos, se encontraram pela primeira vez na cidade espanhola de Córdoba para discutir uma posição comum antes das negociações de paz com o governo do presidente Bashar al-Assad neste mês.
Depois de quase três anos de conflito, a oposição se dividiu em grupos rivais, com diferentes apoios regionais, e o Ocidente busca constituir um corpo unificado de representantes da oposição para o encontro do dia 22, conhecido como "Genebra 2".
As chances de progresso no diálogo na Suíça parecem reduzidas. Assad, encorajado por recentes vitórias militares e por uma onda de conflitos entre os rebeldes, descartou as exigências da oposição enfraquecida para que ele não interfira nas negociações.
O encontro de dois dias na Espanha juntou integrantes da Coalizão Nacional, apoiada pelo Ocidente, mas também representantes de grupos de oposição sírios tolerados por Assad, já que não defendem a renúncia do presidente. Esses grupos não têm assim a confiança de muitos opositores exilados.
"Muitas das cores sírias estão representadas aqui. Há inclusive uma pessoa da segurança síria que apoia Assad", afirmou o dissidente veterano Kamal Labwani.
Pelo menos três membros da Frente Islâmica também estão presentes, disse ele. A frente é composta de brigadas islâmicas, que representam uma grande fatia dos combatentes e rejeitam a autoridade da Coalizão Nacional.
"Nós queremos eles aqui. Vamos ouvi-los", declarou Labwani. As diferenças entre os presentes são muito profundas para serem resolvidas no encontro, acrescentou ele, mas o objetivo é iniciar um diálogo entre todos.
Diplomatas dizem que a reunião é um reconhecimento de que a dividida Coalizão Nacional, que ainda não confirmou se participará de Genebra 2, está perdendo influência na Síria, e uma representação mais integrada é necessária antes das negociações.
Rebeldes do Exército Sírio Livre, que têm o apoio do Ocidente, também estão em Córdoba. A cidade foi escolhida pelo governo espanhol por ter sido a capital do califado islâmico durante os séculos 10 e 11.
Um dos organizadores do encontro, Fawaz Tello afirmou que Córdoba estava há três meses preparada para receber toda a oposição síria, para junta definir uma visão comum. "Isso não é para eleger uma outra liderança ou para escolher os delegados para Genebra", disse ele.
A Síria entrou em guerra civil depois que uma revolta iniciada em março de 2011 contra quatro décadas de regime da família Assad foi reprimida pelo Exército. Mais de cem mil pessoas já foram mortas, mais de dois milhões de refugiados saíram do país, e há 6,5 milhões de deslocados internos na Síria.
(Reportagem adicional por John Irish, em Pa