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A oposição ao presidente da Bolívia, Evo Morales, está tentando bloquear com uma série de protestos a tentativa governista de reformar a Constituição, alegando que o esquerdista quer centralizar o poder e ficar indefinidamente no cargo.

A assembléia constituinte não se reúne desde a semana passada, depois das violentas manifestações em Sucre, a cidade que abriga os trabalhos do grupo desde seu início, há um ano.

Grupos oposicionistas promoveram uma greve geral em seis das nove províncias bolivianas na terça-feira, para protestar contra o que chamaram de medidas "pouco democráticas" de Morales.

No Congresso, chegou a haver troca de socos por causa da pressão do partido pelo indiciamento de vários juízes importantes, atitude vista pelos líderes da oposição como uma tentativa de enfraquecer o Judiciário.

Reforma

A reforma constitucional boliviana, que deveria ter sido concluída no mês passado, vem sofrendo grandes atrasos e sendo vítima de discussões com líderes da oposição, que desconfiam das intenções de Morales.

A oposição acusa o esquerdista de seguir os passos de seus dois grandes aliados, os presidentes Hugo Chávez da Venezuela e Rafael Correa, do Equador, pressionando por reformas constitucionais para debilitar a oposição e conquistar mais tempo no cargo.

"Tememos que a ambição do presidente Evo Morales seja acabar com a assembléia constituinte, que sua ambição seja permanecer presidente vitalício", disse o ex-presidenciável Samuel Doria Medina, que faz parte da assembléia.

Delegados do partido de Morales, o Movimento ao Socialismo (MAS), que tem uma maioria apertada na constituinte, pressionam por reformas que permitiriam ao presidente concorrer indefinidamente às eleições.

"Acho que Morales está dando sinais de autoritarismo. Quer romper completamente com outros partidos, e isso não é bom", disse Marisol Calle, 19, estudante de cinema.

Um importante assessor de Morales acusou os Estados Unidos de tentar desestabilizar a Bolívia financiando líderes da oposição, coisa que Washington nega.

Popular

Uma sondagem publicada esta semana pelo jornal La Razón mostrou que a popularidade de Morales permanece elevada, com 57% de aprovação, chegando a 80% nas cidades de El Alto e La Paz, onde a população tem em sua maioria origens indígenas.

Nas regiões de planície, mais ricas, que abrigam a produção agrícola e as reservas de gás natural, a oposição pressiona por uma nova Constituição que lhes dê mais autonomia em relação a La Paz, ou até a independência.

Apesar das desavenças regionais e dos protestos, as turbulências não se comparam com as ocorridas em 2003 e 2005, quando dois presidentes foram depostos pelos protestos de rua. Para muitos analistas, o governo continua bem sólido.

Para Roger Cortes, professor de ciência política da Universidade de San Andres, em La Paz, políticos conservadores e proprietários de terra do leste da Bolívia estão incitando os protestos porque têm medo de ser vítimas de uma reforma agrária. "A oposição está cometendo um erro, porque os movimentos de base que vêm reivindicando a assembléia há quase duas décadas não vão ficar parados", disse Cortes.

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