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Violência

Oposição vai às ruas e eleva tensão no Líbano

Oposicionistas protestam no centro de Beirute durante funeral de líder morto em atentado | AFP
Oposicionistas protestam no centro de Beirute durante funeral de líder morto em atentado (Foto: AFP)

Sob os acordes da marcha fúnebre de Chopin e protestos contra o governo, milhares de pessoas acompanharam ontem em Beirute o funeral do chefe da inteligência libanesa Wissam al Hassan, assassinado por um carro-bomba na sexta-feira.

Simpatizantes da aliança opositora 14 de Março, à qual Al Hassan era ligado, partiram depois para a sede do governo, exigindo a renúncia do primeiro-ministro, Najib Miqati, que acusam de acobertar o crime.

O protesto levou a confrontos com as forças de segurança, que deram tiros de alerta e dispararam gás lacrimogêneo contra um grupo de manifestantes que atirou pedras e tentou invadir o prédio. A tentativa foi contida e os confrontos não foram adiante, mas o clima de tensão não se dissipou em Beirute.

"O país inteiro será fechado até que Mikati renuncie", disse à tevê Al Jazeera o jovem ativista Ahmad Balaa, filiado à coalizão 14 de Março. "Vamos bloquear estradas e continuar os protestos."

O assassinato de Al Hassan colocou a capital libanesa no mapa das tensões criadas pela guerra civil na Síria. A oposição libanesa acusou o ditador sírio Bashar Assad de estar por trás do carro-bomba que matou Al Hassan e outras sete pessoas em Beirute, numa tentativa de exportar sua guerra para o volátil país vizinho.

O funeral virou a mais explícita manifestação já feita em Beirute em apoio aos rebeldes que tentam derrubar Assad.

O grito anti-Síria acabou se estendendo ao governo libanês e seu mais poderoso integrante, o grupo xiita Hizbollah, um dos principais aliados do regime Assad.

Diante da multidão reunida para o funeral, o ex-primeiro-ministro Fouad Siniora exigiu a renúncia do premiê.

Depois de colocar o cargo à disposição, o premiê Mikati disse que ficaria no cargo a pedido do presidente, Michael Suleiman, para evitar o risco de um vácuo de poder.

Divisão de poder

Seguindo o sistema de divisão sectária do poder no Líbano, o premiê é sunita, o presidente é cristão e o presidente do Parlamento é xiita.

Mas a instável disputa política gera alianças que atravessam essas linhas. Mikati, sunita, está à frente de um governo dominado pelo xiita Hizbollah, que tem também um bloco cristão.

A oposição liderada pelos sunitas tem cristãos maronitas e drusos, que trocaram de lado recentemente, prática comum na política local.

AjudaEstados Unidos ajudarão governo do Líbano a investigar atentado

Agência Estado

Os Estados Unidos irão ajudar o governo do Líbano a investigar o atentado com um carro bomba em Beirute que matou o chefe de segurança interna do país, conhecido por ser um forte crítico ao governo da Síria, informou o Departamento de Segurança.

A secretária de Estado dos EUA, Hillary Clinton, falou por telefone ontem com o primeiro-ministro libanês, Najib Mikati, para novamente condenar o ataque de sexta-feira que matou o general Wissam al-Hassan e duas outras pessoas. Clinton e Mikati teriam concordado que os EUA forneça assistência necessária à investigação do ataque a bomba, disse a assessoria de Hillary.

Na sexta-feira, os EUA condenaram a explosão, dizendo que foi um ataque terrorista. Neste domingo, Hillary disse que os EUA seguem firmes no compromisso de ajudar o Líbano a manter a "estabilidade, independência, soberania e segurança".

O ministro francês das Relações Exteriores, Laurent Fabius, afirmou que o presidente da Síria, Bashar Assad, "provavelmente" está por trás da explosão ocorrida em Beirute. "Não sabemos quem está por trás (desse atentado), mas tudo indica que é uma extensão da tragédia na Síria, o que torna a saída de Assad ainda mais necessária".

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