A coalizão opositora venezuelana Mesa da Unidade Democrática (MUD) afirmou nesta quarta-feira (23) que o governismo voltou atrás em sua manobra de impugnar ante o Tribunal Supremo a eleição de 22 deputados, diante de sua denúncia do que classificou de “tentativa de golpe judicial”.

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“Estamos diante de uma manobra que precisou recuar diante da firme resposta da Unidade Democrática, ante o repúdio do país e a consternação da comunidade internacional”, afirmou o secretário-executivo da MUD, Jesús “Chúo” Torrealba, em um comunicado divulgado pelo Twitter.

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Na tarde de terça-feira, a MUD havia denunciado que o Tribunal Supremo de Justiça (TSJ) “de forma insólita” abriu seus gabinetes para receber um recurso do Partido Socialista Unido da Venezuela (PSUV), governista, contra 22 deputados opositores.

No entanto, o TSJ emitiu na noite de terça-feira (22) um comunicado no qual apontava que sua Sala Eleitoral não havia recebido “qualquer ação judicial esta semana com o objetivo de impugnar os resultados das eleições parlamentares realizadas em 6 de dezembro passado”.

Torrealba, por sua vez, afirmou que foi apresentado um “recurso contencioso eleitoral ordinário, mas acompanhado de uma medida cautelar contra a proclamação de 22 deputados”, que se fosse admitido impediria a posse destes parlamentares no próximo dia 5 de janeiro, quando será instalada a nova Assembleia.

O dirigente denunciou que o pedido de impugnação foi recebido pelo TSJ apesar do anúncio de que a Sala Eleitoral estaria em recesso entre 11 de dezembro e 7 de janeiro.

O porta-voz da MUD forneceu inclusive o número do processo, mas esclareceu que seus advogados tiveram acesso apenas a este dado, sem poder analisar os documentos do caso.

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Em apoio à denúncia dos opositores, 36 ex-presidentes, integrantes da Iniciativa Democrática da Espanha e das Américas (IDEA-Democrática), fizeram um apelo à Organização dos Estados Americanos, Mercosul e União Europeia ante o que chamaram de “graves alterações constitucionais que estão ocorrendo na Venezuela e que ameaçam desconhecer a vontade popular expressada nos resultados eleitorais de 6 de dezembro passado”.

A MUD venceu, pela primeira vez em 16 anos de chavismo, as eleições parlamentares, conquistando 112 de 167 assentos e alcançando uma maioria qualificada que lhe dá amplos poderes no legislativo.

Esta ampla maioria permite à oposição reduzir o mandato do presidente Nicolás Maduro, que termina em 2019, mediante um referendo revogatório, uma emenda constitucional ou uma assembleia constituinte.

Além disso, esta grande maioria legislativa que a oposição terá lhe faculta remover magistrados do TSJ.

No entanto, trata-se de um processo complexo, pois só pode ser feito com base em faltas graves previamente qualificadas pelo chamado Poder Cidadão, formado pela Defensoria Pública, a Procuradoria e a Controladoria que, segundo a oposição, são regidas pelo chavismo.

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