Ouça este conteúdo
Um total de 72 ex-deputados que apoiaram em 2019 a autoproclamação de Juan Guaidó como presidente interino da Venezuela aprovaram na sexta-feira (30) a eliminação do chamado "governo interino", órgão que recebeu o reconhecimento dos Estados Unidos e de um pequeno grupo de países.
Os ex-parlamentares, reunidos virtualmente, ratificaram a decisão - que já tinham aprovado em discussão na semana passada - apesar da rejeição de um grupo menor que defendia a continuidade do governo interino.
Também concordaram em manter a Assembleia Nacional (parlamento) eleita em 2015 - que não reconhece a legitimidade da legislatura instalada em 2021, com uma retumbante maioria pró-governamental - ativa apenas para legislar sobre a proteção dos recursos da Venezuela no exterior, que até agora eram controlados pelo "governo interino".
A abordagem de Guaidó, que consistia em preservar o governo provisório, foi apoiada por 23 ex-deputados que descreveram a eliminação desta figura como um "magnicídio jurídico".
Oito membros da oposição, alguns independentes e outros dos partidos Encontro Cidadão e Projeto Venezuela, se abstiveram de votar por terem questionado a legalidade constitucional da proposta apresentada pelos partidos Ação Democrática, Primeiro Justiça e Um Novo Tempo.
Antes da votação, Guaidó advertiu que a eliminação do autoproclamado governo interino representaria um "salto no vazio", motivo pelo qual apelou aos membros destes quatro partidos para que defendessem a "institucionalidade" da luta da oposição representada na figura do "governo interino" acima de "nomes e interesses pessoais".
O ex-deputado e membro do Primeiro Justiça Juan Miguel Matheus indicou que são necessárias novas estratégias políticas para derrotar o governo de Nicolás Maduro nas eleições presidenciais, marcadas para 2024.
Por sua parte, o ex-deputado Freddy Guevara, líder do Vontade Popular, opinou que eliminar a "presidência interina" é um "erro" que poderá ser cobrado daqueles que apoiaram esta decisão.
O chamado governo interino, sem poder real dentro da Venezuela, foi reconhecido pelos Estados Unidos e por um pequeno grupo de países, o que lhe permitiu controlar alguns recursos públicos no exterior.
Para dar continuidade a esta política, os ex-deputados insurgentes propuseram e aprovaram a manutenção dos conselhos que tratam dos assuntos da petroleira estatal PDVSA e do Banco Central fora do país.