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Manuel Rosales, de 71 anos, governador da província de Zulia, foi um dos poucos opositores que conseguiram registrar candidatura no Conselho Nacional Eleitoral (CNE), órgão controlado pelo chavismo que organizará a eleição presidencial do dia 28 de julho.
No atual cenário político venezuelano, a figura de Rosales emerge com contornos de ambiguidade. Ele possui uma trajetória opositora, mas não conta neste momento com o apoio da principal figura de oposição ao chavismo na Venezuela, María Corina Machado, que foi impedida pelo regime de Caracas de disputar a presidência.
Rosales surpreendeu ao se inscrever para as eleições presidenciais de 28 de julho no apagar das luzes do prazo eleitoral. Seu nome não foi apresentado ao CNE por seu partido, Um Novo Tempo (UNT), que integra a Plataforma Unida Democrática (PUD), a coalizão opositora de Machado, mas sim pelo partido alheio à coalizão, conhecido como Força Comunitária (FV).
A candidatura de Rosales, que já enfrentou o ditador Hugo Chávez nas urnas em 2006 e ficou exilado no Peru por seis anos por causa de perseguição política, levanta alguns questionamentos entre os atuais opositores do chavismo, que acusam o político de ter feito pactos prévios com o regime de Caracas, o que, segundo seus acusadores, teria servido para remover sua inabilitação política e permitido sua ascenção ao cargo de governador em Zulia.
Segundo informações do portal argentino Infobae, Rosales, que já não tem o apoio de María Corina, também não conta com a confiança da opositora, que voltou a deixar claro que sua candidata à presidência é a historiadora Corina Yoris.
A clara desconfiança María Corina contribui ainda mais para que nesse momento alguns membros da PUD coloquem em xeque a posição de Rosales como alternativa ao ditador Nicolás Maduro, que pode estar tentando criar uma oposição de fachada.
A candidatura de última hora, sem impedimentos nem burocracias, são outros fatores que estariam alimentando as especulações de opositores da PUD sobre as verdadeiras intenções e alianças de Rosales.
Por seu lado, durante uma coletiva ocorrida nesta terça-feira (26), Rosales afirmou que lançou sua candidatura para as eleições presidenciais com o objetivo de “preencher o vazio” deixado pela PUD.
O CNE colocou impasses para que a plataforma opositora realizasse a inscrição da historiadora Yoris, que segue com o seu nome fora da disputa presidencial onde Maduro, ao que tudo indica, tentará se perpetuar no poder.