O líder oposicionista venezuelano Manuel Rosales, envolvido em uma investigação de corrupção, passou à clandestinidade para fugir a uma suposta "perseguição" do presidente Hugo Chávez, disse o partido dele na terça-feira (31).
Rosales, o rosto mais visível da fraturada oposição venezuelana, foi candidato a presidente em 2006, quando perdeu para Chávez.
A decisão de fugir da possível prisão pode consolidar o controle do presidente sobre o país e enfraquecer ainda mais a oposição. No ano passado, Chávez havia prometido prender Rosales, que rejeita as acusações contra si.
Omar Barboza, funcionário do partido Um Novo Tempo, de Rosales, disse que o político se mudou para "um local seguro" onde não poderá ser preso. "Não é possível para Manuel Rosales exercer seu direito à defesa na Venezuela", afirmou Barboza.
"É totalmente falso que Manuel Rosales tenha deixado a Venezuela, ele está no Estado de Zulia. Mas claro que não vai se entregar à corja que o está perseguindo", acrescentou.
Críticos acusam Chávez de usar a Justiça para perseguir adversários. O governo diz que há fundamentos para que Rosales seja preso antes de ser julgado por enriquecimento ilícito.
"Não acho que seja nada favorável ao país quando as pessoas não enfrentam a Justiça", afirmou nesta terça-feira (31) o ministro das Comunicações, Jesse Chacon.
Um promotor diz que Rosales não conseguiu demonstrar a origem de cerca de 60 mil dólares obtidos por ele entre 2002 e 2004, quando governava o Estado petroleiro de Zulia (norte).
Rosales acusa Chávez de politizar instituições como tribunais e polícia, na tentativa de construir uma ditadura.
Uma eventual condenação pode impedir Rosales de disputar novamente a Presidência, além de lhe render até 10 anos de prisão.
Em outubro, durante campanha para os governos estaduais e prefeituras, Chávez chamou Rosales de traficante e ladrão. "Estou determinado a pôr Manuel Rosales na cadeia", afirmou.
Em fevereiro, o presidente venceu um referendo que lhe permite disputar quantas reeleições quiser. Apesar da redução dos programas sociais, em decorrência da queda da cotação do petróleo, Chávez continua sendo muito popular.
Mas vários políticos chavistas foram derrotados nas eleições regionais de 2008, e até mesmo simpatizantes dele se queixam da criminalidade e de problemas no abastecimento de água e energia, o que coloca os líderes da oposição novamente no mapa político, após vários anos de ostracismo.
Chávez reagiu centralizando o controle sobre policiais e hospitais, e neste mês deslocou tropas para controlar portos e aeroportos de Estados governados pela oposição, inclusive Zulia, cujo governador é um aliado de Rosales.
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