Trabalhadores mineiros que apoiam o presidente da Bolívia, Evo Morales, pedem que o resultado da eleição seja respeitado em protesto em La Paz, 30 de outubro de 2019| Foto: Aizar RALDES / AFP

A Bolívia e a Organização dos Estados Americanos (OEA) concordaram nesta quarta-feira, 30, em realizar uma auditoria das eleições presidenciais vencidas em primeiro turno por Evo Morales, informou o ministro das Relações Exteriores Diego Pary, detalhando que o processo deve começar nesta quinta-feira, após a chegada de 30 especialistas.

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Já o adversário de Morales, Carlos Mesa, que contesta o resultado das eleições, disse que não aceitará uma auditoria nos "termos compactuados unilateralmente pelo governo".

O ministro das Relações Exteriores boliviano, Diego Pary, explicou que "a auditoria se concentrará nas fases eleitorais e subsequentes" e "será abrangente e vinculativa" - ou seja, sua conclusão deverá ser acatada pelo governo boliviano. Mas a oposição exige uma investigação também do período pré-eleitoral.

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A tensão tem aumentado nos últimos dias na Bolívia, com choques entre apoiadores e opositores de Morales. Há relatos de uso de dinamite nos protestos de trabalhadores mineiros, que apoiam o Movimento ao Socialismo, de Morales. Desde a noite de domingo, mineiros bloqueiam a estrada que liga Cochabamba, Oruro e La Paz. Os veículos que tentavam atravessar o bloqueio eram ameaçados com dinamites, segundo o Infobae.

Contagem contestada

A apuração da Organização Eleitoral Plurinacional (OEP) deu a vitória a Evo no primeiro turno com 47,08% dos votos contra 36,51% de seu oponente Carlos Mesa, por ter obtido uma vantagem de dez pontos porcentuais que, segundo a lei, define o vencedor sem necessidade de um segundo turno.

Mas, de acordo com as alegações dos adversários, pode ter havido manipulação do sistema de contagem rápida da OEP, que inicialmente previa um segundo turno entre Evo e Mesa. Um segundo sistema oficial de contagem definitiva também apontou a reeleição a Evo, no poder desde 2006.

Protestos nas ruas

Protestos denunciando fraude se intensificaram, com a queima de centros eleitorais, greves e bloqueios enquanto a própria OEA, a União Europeia e os países da região recomendaram uma segunda votação para acabar com as tensões. La Paz negociou com a OEA em busca de ajuda para a questão.

O opositor Mesa, um centrista que já foi presidente entre 2003 e 2005, disse na terça-feira que só aceitaria a auditoria "se (Evo) estivesse disposto a não aceitar o resultado do Supremo Tribunal Eleitoral".

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