O preso político Jesús Martínez Medina, de 36 anos, faleceu sob custódia do Estado venezuelano nesta quinta-feira (14), em um hospital na província de Anzoátegui, após ficar meses sem assistência médica adequada, segundo denúncias da oposição. Ele estava preso desde o dia 29 de julho, depois de atuar como fiscal eleitoral nas eleições presidenciais fraudadas pelo chavismo.
Martínez Medina, que segundo informações sofria de diabetes tipo II e problemas cardíacos, desenvolveu graves infecções nas pernas durante seu encarceramento devido à falta de cuidados médicos. Em comunicado divulgado pela líder opositora María Corina Machado, foi revelado que a negligência e as condições precárias em sua detenção levaram à necrose nas pernas de Martínez, o que obrigou uma tentativa de amputação no hospital Luiz Razetti, onde ele acabou falecendo.
"Ao ver o estado em que se encontrava, os médicos decidiram amputar as duas pernas. Em meio ao procedimento, ele [Martínez] não resistiu e faleceu", lamentou Machado em um comunicado nas redes sociais. A líder opositora descreveu o caso como mais um "crime do regime de [Nicolás] Maduro", acusando as autoridades de permitirem que Martínez Medina sofresse "em condições inumanas".
Martínez Medina foi preso pelo Serviço Bolivariano de Inteligência Nacional (Sebin) sem ordem judicial, segundo informações da oposição. Familiares e ativistas de direitos humanos denunciaram que ele foi mantido na prisão em condições deploráveis, sem acesso regular a cuidados médicos, água potável ou alimentação adequada. Segundo Zair Mundaray, um opositor venezuelano, o tratamento negligente do chavismo agravou as condições de saúde de Martínez e contribuiu diretamente para sua morte.
Organizações não governamentais, como a Justiça, Encontro e Perdão, repudiaram o tratamento desumano dado a Martínez Medina.
"A falta de atenção médica adequada é uma violação flagrante aos direitos humanos à saúde e à vida, e um ato de crueldade", afirmou a ONG em nota pública. Eduardo Battistini, opositor exilado, também se manifestou, declarando que Martínez foi "perseguido por exercer um direito fundamental de cidadania", ao atuar como fiscal eleitoral nas eleições presidenciais, ato que, para o regime de Maduro, justificou sua prisão.
A ditadura venezuelana, por sua vez, vem negando a existência de presos políticos no país e classifica os detentos, como Martínez Medina, como "terroristas". Em recentes declarações, o ministro do Interior, Justiça e paz, Diosdado Cabello, reforçou essa retórica, acusando opositores de “manipular” os jovens para provocar a “violência no país”. O procurador-geral Tarek William Saab, por sua vez, declarou que os prisioneiros "se envolveram em ações criminosas para desestabilizar o país".
O caso de Martínez Medina levanta ainda mais preocupações sobre as condições de detenção na Venezuela. Segundo a ONG Foro Penal, mais de 1,8 mil pessoas estão presas no país por motivos políticos, muitas delas enfrentando condições desumanas e sem acesso a direitos fundamentais, como assistência médica.
Explosões em frente ao STF expõem deficiências da inteligência de segurança no Brasil
Barroso liga explosões no STF a atos de bolsonaristas e rechaça perdão pelo 8 de janeiro
Autor de explosões em Brasília anunciou atos nas redes sociais, se despediu e deixou recado à PF
Morte de empresário ligado ao PCC escancara ruptura e suspeitas de corrupção policial em São Paulo
Deixe sua opinião