La Paz – O senador Andrés Guzmán, do Poder Democrático e Social (Podemos), explicou ontem em entrevista à imprensa porque rompeu o boicote de seu partido, de oposição, e votou a lei de terras, proposta por Evo Morales. Confira a entrevista:

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Por que o senhor votou a favor da lei de terras?

Foi um ato de consciência cívica. Na Bolívia, infelizmente, nos últimos 100 anos, boa parte do território estava na mão de poucos. Governos dos últimos 50 anos acabaram cooperando, de maneira escusa, com latifundiários. E eu não podia absolutamente compactuar com isso. As terras bolivianas, assim como os recursos do solo foram retomadas por um decreto presidencial e também deveriam ser distribuídas por aqueles que habitam esse território.

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Mas o senhor desobedeceu uma regra do Podemos para pressionar o Movimento ao Socialismo de Evo na Constituinte.

Havia uma barganha que o chefe de meu partido, Jorge Tuto Quiroga, queria fazer. Essa barganha seria feita em uma negociação que ele queria fazer com Evo, tanto para aprovar a reforma agrária como um crédito do BID de US$ 42 bilhões, como um acordo militar com a Venezuela e o orçamento dos Estados para o ano que vem. Acho que a política deve ser de responsabilidade, não de barganha. Eu não sou uma ovelha para seguir a cabeça do Quiroga. Tentei demovê-lo dessa idéia mas ele não me ouviu.

Mas o não votar a reforma agrária não era uma forma de pressionar o MAS a ceder na Constituinte?

Se formos usar as velhas práticas políticas – o "toma lá dá cá" – eu estaria de acordo. Mas, no momento que a Bolívia vivia em grande tensão, um confronto ocidente-oriente, não podia absolutamente estar ausente dessa responsabilidade.

E a acusação sobre uma proposta de US$ 100 mil para comprar seu voto?

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Não foi feita para mim. Obviamente eu não aceitaria de maneira nenhuma, não seria um comportamento responsável. E tenho certeza que o MAS não tenha sequer proposto isso. Em nenhum momento me foi feita qualquer tipo de proposta econômica ou de favorecimento.

Medo?

Absolutamente. Como posso ter medo se a população está do meu lado? Tenha certeza que mais de 90% dos bolivianos me apóiam e não tenho medo de nada. Homem público está sujeito a tudo isso.