O líder oposicionista venezuelano Leopoldo López, de 46 anos, foi transferido neste sábado (8) para regime de prisão domiciliar. De acordo com o Tribunal Supremo de Justiça (TSJ) do país, a concessão foi feita por causa de problemas de saúde.
Em 2014, Leopoldo López, líder do Vontade Popular, foi condenado a quase 14 anos de prisão por incitar a violência em uma série de protestos contra o governo Maduro.
No Twitter, a conta do TSJ afirmou que o presidente da entidade, Maikel Moreno, tomou a decisão por razões “humanitárias”.
Mais cedo, o advogado de López disse que o opositor está com a família.
“López está em sua casa em Caracas com Lilian [Tintori, sua esposa] e seus filhos”, tuitou o advogado Javier Cremades. “É preciso que devolvam a López todos os seus direitos civis e políticos”, afirmou.
Desde o final de junho, Lilian seus familiares não tinham notícias de López. Em um vídeo datado do mesmo mês, o opositor gritava em sua cela: “Lilian, estão me torturando! Denuncie!”.
Formado em economia na prestigiosa universidade americana de Harvard, López integra a oposição mais dura ao regime chavista, que o acusa de ser “de extrema-direita” e “golpista”.
Manifestação
A decisão da Justiça acontece num momento de grande tensão na Venezuela. Na quarta-feira (5), militantes pró-Maduro invadiram a Assembleia Nacional e cerca de 300 políticos e jornalistas permaneceram bloqueados no edifício durante nove horas.
As manifestações contra o presidente Maduro são quase diárias há três meses no país e já deixaram mais de 90 mortos.
Ditadura
A representação da Igreja Católica na Venezuela afirmou nesta sexta-feira (7) que o governo de Nicolás Maduro se tornou uma “ditadura” que será consolidada por meio da Constituinte.
“[A Constituinte] será imposta à força e os seus resultados serão a constitucionalização de uma ditadura militar, socialista, marxista e comunista”, afirmou o presidente da Conferência Episcopal Venezuelana (CEV), Diego Padrón.
Assim como a oposição, a CEV afirma que a Constituinte permitirá “a permanência ilimitada do atual governo no poder” e a “anulação dos poderes públicos”, como o Parlamento.
No último domingo (2), o papa Francisco disse orar pelas vítimas da violência nos protestos na Venezuela.
Maduro acusou a CEV de ignorar os chamados do pontífice ao diálogo, mas Padrón declarou que essa palavra está “desvalorizada” e que a saída da crise passa pela convocação de “eleições universais, diretas e secretas”.
A cúpula eclesiástica venezuelana já havia criticado Maduro em várias ocasiões, embora nunca de forma tão contundente quanto agora.
Segundo um estudo do Latinobarômetro, 79% dos cidadãos venezuelanos se declaravam católicos em 2013.
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