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Prisão

Opositor russo Alexey Navalny encerra greve de fome depois de 24 dias

Manifestantes participam de protesto em apoio a Alexey Navalny, crítico do Kremlin que está preso na Rússia, 21 de abril (Foto: NATALIA KOLESNIKOVA / AFP)

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O opositor russo Alexey Navalny anunciou nesta sexta-feira, 23, o fim de sua greve de fome iniciada 24 dias atrás para denunciar suas condições de detenção, o que provocou fortes preocupações sobre o agravamento de seu estado de saúde.

"Não retiro meu pedido de ver o médico, pois é necessário. Perdi a sensibilidade de partes de minhas mãos e de minhas pernas (...). Dada esta evolução e essas circunstâncias, começo a encerrar minha greve de fome", escreveu Navalny, em uma mensagem publicada em sua conta do Instagram.

Na quinta-feira, os médicos de Navalny pediram que ele encerrasse o quanto antes sua greve de fome para preservar sua vida e sua saúde, temendo "danos consideráveis" se continuasse com o protesto.

Navalni parou de comer em 31 de março, acusando particularmente a administração penitenciária de rejeitar seu pedido de visita de um médico, apesar de sofrer uma dupla hérnia de disco, segundo seus advogados.

Antes de sua greve de fome, o principal opositor ao Kremlin se queixava também de uma perda de sensibilidade nas pernas que, segundo ele, poderia ser consequência do envenenamento do qual foi vítima em agosto e pelo qual acusa o presidente Vladimir Putin. Segundo Navalny, os agentes prisionais também o torturavam mediante privação do sono, acordando-o a cada hora durante a noite.

Seu aliado Leonid Volkov disse na quinta-feira à noite que Navalny foi finalmente examinado esta semana em um hospital civil e seu histórico médico foi transmitido aos seus médicos.

"Graças ao enorme apoio de boas pessoas em todo o país e no exterior, fizemos grandes progressos. Há dois meses riam dos meus pedidos de assistência médica, não me davam nenhum remédio" disse Navalny.

O opositor de 44 anos está atualmente em um presídio em Vladimir, 180 km ao leste de Moscou, para onde foi transferido da colônia penitenciária de Pokrov, na mesma região.

O ativista anticorrupção foi preso em janeiro ao retornar para a Rússia após passar cinco meses de tratamento na Alemanha, onde se recuperou do envenenamento. A Justiça ordenou a reativação de sua pena de 2 anos e 8 meses de prisão, acusando-o de ter violado os termos de sua condicional quando estava na Alemanha. No caso pelo qual foi condenado em 2014, Navalny e seu irmão foram acusados de roubar 500 mil rublos de duas empresas.

Liuv Sobol, uma colaboradora próxima ao opositor que também fez greve de fome em 2019, explicou que os próximos dias "serão muito difíceis" para Navalny. Segundo Liuv, ele terá "muita vontade de comer algo normal", mas só poderá ingerir sucos e outros líquidos.

Cinco médicos, entre eles sua médica pessoal, Anastasia Vasilieva, pediram que Navalny seja transferido a um hospital "moderno" para que a saída da greve de fome seja acompanhado por profissionais adequados.

Pressão internacional

A prolongada greve de fome, embora arriscada para Navalny pessoalmente, manteve seu caso na agenda dos governos ocidentais apesar do aumento militar russo na fronteira com a Ucrânia.

O conselheiro de segurança nacional dos Estados Unidos, Jake Sullivan, disse este mês que o governo russo enfrentaria "consequências se Navalny morresse". O ministro das Relações Exteriores da França, Jean-Yves Le Drian, também expressou preocupação e avisou o governo russo: "Há uma grande responsabilidade aqui para o presidente Putin", disse ele.

Na política interna, a greve de fome de Navalny e a deterioração de sua saúde geraram protestos de rua na quarta-feira em cidades da Rússia. Os protestos levaram policiais de choque para as ruas das principais cidades russas em um dia em que Putin pretendia destacar em seu discurso sobre o estado da nação uma mensagem promissora de crescimento econômico à medida que o país emerge da pandemia do coronavírus. No fim do dia, a polícia deteve cerca de 1,5 mil manifestantes em todo o país.

"Deepfake"

Vários políticos do Reino Unido, Letônia, Estônia e Lituânia foram alvo recentemente de pessoas que parecem ter usado a tecnologia "deepfake" para imitar opositores russos em ligações de vídeo, segundo noticiou o The Guardian na quinta-feira.

Entre os alvos estão parlamentares que lideram comissões de Relações Exteriores nos parlamentos dos países bálticos e do Reino Unido.

"O Kremlin de Putin é tão fraco e está tão assustado com a força de Navalny que eles estão realizando reuniões falsas para desacreditar a equipe de Navalny", disse Tom Tugendhat, diretor de comitê de Relações Exteriores do Reino Unido, pelo Twitter. "Eles conseguiram falar comigo hoje. Eles não vão reproduzir as partes em que chamo Putin de assassino e ladrão, então vou colocar aqui".

Leonid Volkov, aliado de Navalny, disse que a imagem dele no vídeo falso parecia idêntica a ele. "Parece com o meu rosto real. Mas como eles conseguiram colocá-lo em uma ligação do zoom? Bem-vindos a era do deepfake", comentou Volkov em suas redes sociais.

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