Diversos opositores ao governo do presidente venezuelano Nicolás Maduro organizaram um protesto em Caracas neste sábado e prometem permanecer nas ruas da capital, desafiando uma decisão do Tribunal Superior, que limita as manifestações.
Os estudantes que organizaram o protesto decidiram, no último minuto, não marchar pelo centro da capital da Venezuela para evitar um confronto com as forças de segurança do governo. Os manifestantes optaram por se concentrar nos bairros orientais da cidade, mais ricos e que têm sido o foco das agitações contra o governo desde fevereiro.
Os manifestantes carregavam cartazes contra uma decisão tomada nessa semana pela Suprema Corte do país, que concede à polícia o direito de dispersar os protestos que não possuam permissão para sua realização. Os opositores dizem que a medida é a mais recente tentativa governo de Maduro de calar a dissidência em meio ao descontentamento generalizado da população.
Por sua vez, o governo da Venezuela culpa os protestos pelo saldo de mais de 40 mortes nos últimos protestos e reprime as tentativas de diálogo por parte de membros da oposição. Apesar de ser improvável que Maduro ceda aos pedidos da oposição para que conceder anistia aos militantes presos, as negociações poderiam obrigar o país a afrouxar o rígido intervencionismo do Estado sobre a economia, avaliou o especialista político, Dimitris Pantoulas.
Ele aponta a aprovação relâmpago do governo para os recentes aumentos nos preços e o desvio da poupança do governo, destinada a gastos sociais, para o financiamento de investimentos privados como sinais pragmáticos da invasão do governo na economia.
O fato dos manifestantes se recusarem a sair das ruas pressiona ainda mais as negociações. Há mais de um mês, os estudantes têm a acampado fora dos escritórios da Organização das Nações Unidas (ONU), bloqueando várias faixas do trânsito nas vias mais movimentadas da capital.