O papa Francisco recebeu o presidente da Argentina, Maurício Macri e a primeira-dama, Juliana Awada, em fevereiro| Foto: Divulgação/Casa Rosada

A rejeição por parte de uma organização ligada ao papa Francisco de uma doação milionária do governo argentino deu um novo sinal de distanciamento entre o Vaticano e o presidente Mauricio Macri em um momento em que se percebiam sinais de aproximação.

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Macri havia ordenado por decreto a doação de 16,666 milhões de pesos (1,1 milhão de dólares) à rede mundial Scholas Occorrentes, promovida pelo papa para a inclusão educativa e a paz. Segundo o governo, o dinheiro seria para pagar os gastos da sede local da rede educativa.

Mas a cifra ‘666’, o número da besta que faz referência a satanás, foi considerada uma “piada de mau gosto” em âmbitos religiosos, afirma o jornal Vatican Insider que cita a “perplexidade do papa” com a doação “imprevista”.

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A Scholas Occorrentes rejeitou a doação e buscará “obter o aporte necessário de maneira imediata por meio dos organismos multilaterais de crédito e da ajuda de privados”, informou em uma carta datada de 9 de junho e destinada ao chefe de gabinete, Marcos Peña.

“Tudo é interpretado de forma negativa”, declarou à rádio Continental o diretor da Scholas Occurrentes, José María del Corral, ao colocar panos quentes no assunto.

Peña indicou, por sua vez, que “é um insulto à inteligência pensar que com uma doação de dinheiro pode-se comprar o papa”.

De passagem por Roma nesta segunda-feira para visitar o Programa Mundial de Alimentos (PAM), a chanceler Susana Malcorra se reuniu com Francisco na residência Santa Marta. “Não há nenhuma animosidade (do papa) para com o presidente”, declarou à imprensa.

Vatican Inseder indicou ainda outro motivo para a rejeição: “a quantia foi considerada como de todo excessiva em tempos em que seu país (Argentina) enfrenta uma delicada situação econômica”.

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Distanciamento

A rejeição representa um novo distanciamento entre o pontífice e o presidente argentino de centro-direita, que assumiu o governo no dia 10 de dezembro.

O papa recebeu Macri em uma audiência no fim de fevereiro em um encontro sério e formal, de breves 22 minutos, que foi considerado uma demonstração de frieza entre o religioso e o presidente argentino.

Macri assumiu a presidência com a promessa de obter a ‘pobreza zero’. Mas nos três primeiros meses de governo, 1,4 milhão de argentinos a mais caíram na pobreza, que afeta 34% da população de 40 milhões de pessoas, segundo um estudo da Universidade Católica.