Uma taiuanesa foi deportada no fim de outubro dos Estados Unidos. Nada de mais não fosse por um detalhe: ela havia dado à luz alguns dias antes, durante o voo que saiu de Taipei e que tinha como destino Los Angeles – mas foi desviado para o Alasca devido ao parto. Como é muito jovem para encarar mais uma jornada aérea, o bebê ficou nos EUA, aos cuidados de autoridades locais. O caso reacendeu o debate sobre o chamado “turismo de nascimento”, crescente em alguns países orientais, da América Latina e na Rússia.
Há mais de uma década agências de turismo nos EUA prestam serviços voltados para pais que desejam garantir a cidadania norte-americana aos filhos. Esse tipo de turismo médico não é ilegal, desde que a pessoa pague pelo atendimento que receberá.
No meio deste ano, abriu em Miami uma agência com essa finalidade voltada para brasileiros. O Ser Mamãe em Miami oferece atendimento obstétrico e pediátrico e tem entre os sócios o médico pediatra Wladimir Lorentz, brasileiro que estudou medicina nos Estados Unidos e faz atendimentos médicos há mais de uma década. O sócio da empresa é o obstetra colombiano Ernesto Cardenas, que já fazia atendimento semelhante pata mães latino-americanas.
A empresa oferece pacotes que incluem o atendimento pré-natal a partir as 32 semanas de gestação. O valor depende do tipo de parto – normal, cesárea ou de múltiplos– e varia entre US$ 9,8 mil a US$ 14,7 mil. Em setembro, 70 famílias já haviam procurado a empresa.
Neste ano, 1,5 mil filhos de brasileiros nasceram em Miami
Pela legislação norte americana atual, não é necessário nenhum tipo de visto especial – além do de turista – para dar à luz nos Estados Unidos. Segundo informações do Itamaraty, cerca de 1,5 mil filhos de brasileiros nasceram em Miami em 2015. Em 2012, foram 1,9 mil. A cidade norte-americana está desde 2011 entre as cinco fora do Brasil que mais registram nascimentos de filhos de brasileiros.
O nascimento em solo americano garante a criança a cidadania. Mas não aos pais. Porém, essa não parece ser a maior preocupação das famílias que classe média alta que costumam comprar pacotes como o oferecido pela empresa de Lorentz. Preocupação com o futuro da criança e vontade de garantir maiores oportunidades e ela parece ser a motivação mais frequente.
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