Leia abaixo um apanhado das questões que devem dominar a cúpula do Grupo dos Oito (G8), marcada para acontecer entre este sábado e a próxima segunda-feira, em São Petersburgo. A agenda oficial do encontro prevê a discussão de assuntos como a segurança no fornecimento de energia, o combate a doenças contagiosas e o incentivo à educação.

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IRÃ

O pacote de incentivos ao Irã, elaborado por seis grandes potências, promete ser o ponto de destaque da cúpula. Cinco dos seis proponentes -- EUA, Rússia, Grã-Bretanha, França e Alemanha -- são membros do G8, enquanto o sexto, a China, estará em São Petersburgo na qualidade de observador.

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Os ministros das Relações Exteriores dos países-membros do G8 desejam uma resposta "clara e sólida" do Irã em relação ao pacote, que oferece incentivos em várias áreas, entre as quais as de tecnologia e comercial.

O pacote visa a convencer o país a suspender seu programa de enriquecimento de urânio. Apesar de Rússia e China terem concordado com o pacote e terem dito que gostariam de ver uma resposta rápida do Irã, é improvável que dêem apoio à imposição de sanções contra o país islâmico neste estágio do processo. As sanções não deverão ser militares.

CORÉIA DO NORTE

Os testes com o lançamento de sete mísseis feito pela Coréia do Norte em 4 de julho provocou nervosismo entre os vizinhos do país asiático.

O programa de armas nucleares desse fechado regime comunista é objeto de negociações hoje paralisadas, que envolvem EUA, Rússia, China, Japão e as duas Coréias. Enquanto as grandes potências pressionam os norte-coreanos para que retornem à mesa de negociações, os EUA e o Japão defendem a adoção , pelo Conselho de Segurança da ONU, de uma resolução que prevê a imposição de sanções contra o país asiático. A Rússia e a China -- membros do Conselho com poder de veto -- são contrárias a essa medida.

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ORIENTE MÉDIO

Os debates sobre o Oriente Médio devem se concentrar na ampliação das campanhas militares de Israel no sul do Líbano e na Faixa de Gaza.

As duas ofensivas foram lançadas depois que soldados israelenses foram mortos ou capturados em ataques lançados por militantes. O clima de tensão aumentou na região depois de o grupo militante Hamas ter tomado posse à frente do governo palestino, após vitória nas eleições gerais de janeiro. As potências ocidentais acertaram isolar o Hamas até que o grupo abra mão de suas armas e reconheça o direito de Israel de existir. A Rússia insiste que o isolamento não funcionará e recebeu líderes do grupo em março.

Um grande problema é como ajudar o povo palestino sem ter que lidar com o governo do Hamas.

DEMOCRACIA NA RÚSSIA

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O presidente russo Vladimir Putin deve ouvir críticas de alguns dos parceiros do G8 sobre o cerceamento das liberdades democráticas conquistadas no período pós-soviético. Essas críticas apontam para o controle rígido exercido pelo governo russo sobre os meios de comunicação, a decisão de Putin de passar a nomear pessoalmente os governadores das regiões, a neutralização dos opositores e para as novas restrições impostas às organizações não-governamentais.

O governo russo diz que as críticas são infundadas e que são alimentadas por um sentimento "anti-Rússia".

COMÉRCIO MUNDIAL

O Banco Mundial pediu aos líderes do G8 que tentem salvar as negociações sobre o comércio mundial.

A chamada rodada de Doha -- que deveria acertar a liberalização do comércio com a promessa de tirar milhões de pessoas da pobreza -- está paralisada em meio a desavenças sobre o corte dos subsídios agrícolas nos países ricos.

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O chefe da Organização Mundial do Comércio, Pascal Lamy, decidiu, de última hora, voar para São Petersburgo a fim de tentar ressuscitar as negociações.

A cúpula do G8 pode também significar o fim da cruzada de 13 anos da Rússia para ingressar na Organização Mundial do Comércio (OMC). Um acordo bilateral com os EUA é o último grande obstáculo a ser superado pelo país antes de se tornar membro da entidade.

Negociadores russos dizem que esse acordo pode ser assinado em São Petersburgo, apesar de as discussões ainda não terem terminado.

QUINTAL DA RÚSSIA

Os EUA desejam que a cúpula discuta a situação de Bielorrússia, Geórgia e Moldávia, países antes pertencentes à União Soviética.

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A Rússia acusa os americanos de usar essa questão como pretexto para invadir sua esfera de influência. Os governos dos EUA e da Rússia têm grandes divergências sobre como agir em relação a esses três países.

Os americanos dizem que o presidente da Bielorrússia, Alexander Lukashenko, é o último ditador da Europa. Mas os russos são aliados próximos dele.

Na Geórgia e na Moldávia, os EUA dão apoio a planos de paz que permitiriam aos dois países restabelecer sua soberania sobre regiões separatistas -- nos chamados "conflitos congelados". A Rússia não esconde que está do lado dos separatistas.

TERRORISMO

Os líderes do G8 devem concordar com a iniciativa russa de envolver empresas do setor privado na luta contra o terrorismo.

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Putin afirmou a grupos de defesa dos direitos civis que levará à cúpula a preocupação deles de que os direitos civis estão sendo corroídos no combate ao terror -- por exemplo, quando os EUA mantêm, por tempo indeterminado, sem julgamento e sem acusação formal, centenas de homens presos na prisão da baía de Guantánamo (Cuba).

ENERGIA

Putin escolheu a "segurança no fornecimento de energia" como tema central da cúpula. Em vista da recente alta recorde do petróleo, os membros do G8 desejam que a Rússia, o maior exportador de combustíveis do grupo, venda mais petróleo e mais gás.

A União Européia (UE) também quer ver o governo russo reformando seu setor de gás, colocando fim ao monopólio da estatal Gazprom e permitindo a fornecedores da Ásia Central que negociem os preços de seu produto com os clientes europeus diretamente, uma idéia a que a Rússia resiste.

Todos os países do G8 devem fazer pressão sobre Putin a respeito de assuntos específicos, tais como o campo de extração de Shtokman (da Gazprom), os gasodutos chineses e do Báltico e um oleoduto para o Japão. Putin, em contrapartida, deve pedir aos países da UE que não bloqueiem os planos de expansão da Gazprom.

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O dirigente russo e Bush devem ainda defender investimentos na energia nuclear como forma de cobrir o déficit entre a demanda e o fornecimento de combustíveis.

A cúpula deve pedir também uma diversificação das fontes de energia, mas Putin deseja, de outro lado, "segurança na demanda" para justificar os investimentos no setor a serem feitos pela Rússia.