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O presidente dos EUA, Joe Biden, recebeu nesta terça-feira (24) um relatório secreto, elaborado pelas agências de inteligência americanas, sobre a origem da Covid-19. Fontes da Casa Branca com conhecimento do assunto indicaram que a investigação não conseguiu determinar se a doença surgiu a partir de um vazamento no Instituto de Virologia de Wuhan, na China, ou se a transmissão do vírus para um humano ocorreu por meio de um animal hospedeiro.
Algumas partes do relatório devem ser liberadas para divulgação nos próximos dias, segundo o Washington Post.
A investigação foi ordenada pelo presidente Joe Biden em maio, quando a comunidade de inteligência americana se dividia entre duas hipóteses sobre o surgimento da doença: um vazamento no laboratório de Wuhan ou a transmissão do vírus via animal infectado.
Na época, um relatório indicava que pesquisadores do laboratório de Wuhan tinham procurado ajuda médica em um hospital em novembro de 2019, com sintomas que poderiam ser relacionados a uma gripe ou à Covid-19. O documento também apresentava novas informações de que o laboratório de virologia de Wuhan teria trabalhado em pesquisas confidenciais para os militares chineses.
Um dos funcionários da Casa Branca que conversou com o Wall Street Journal sobre o novo relatório, queixou-se da falta de colaboração do governo chinês. "Se a China não vai dar acesso a certos conjuntos de dados, você nunca vai saber de verdade", disse.
Os Estados Unidos, desde a administração de Donald Trump, reclamam da falta de transparência do governo chinês, especialmente sobre os primeiros meses da pandemia e dados referentes às pesquisas conduzidas no laboratório de Wuhan. Pequim, porém, se esquiva dos pedidos de informação feitos pelo Ocidente dizendo que a origem da Covid-19 está sendo usada como arma política contra a China.
Origem natural
Por outro lado, fontes familiarizadas com o relatório disseram à Reuters que, nos últimos meses, houve pouca corroboração para sustentar a teoria de que o vírus se espalhou naturalmente, por meio de um animal selvagem.
Durante o primeiro surto de Sars na China, entre 2002 e 2004, pesquisadores chineses encontraram um vírus similar ao que havia causado a epidemia em vários animais vendidos em um mercado no sul da China meses depois que a doença surgiu. Na pandemia atual, milhares de animais foram testados, mas um vírus com características similares ao Sars-CoV-2, que permita confirmar a teoria de evolução natural do organismo, ainda não foi encontrado.
Pressão por respostas
Devido às dificuldades da inteligência americana em chegar a uma conclusão, espera-se que o presidente Joe Biden use o novo relatório para pressionar a China, fazendo mais perguntas sobre dados que as autoridades de Pequim se recusam a passar aos americanos. Esses esforços, porém, tendem a ser infrutíferos para descobrir a origem da Covid-19, já que o Partido Comunista da China desconsidera qualquer investigação envolvendo o laboratório de Wuhan.
Em julho, a Comissão Nacional de Saúde da China disse que não colaboraria com uma segunda fase de investigação da OMS sobre a origem do vírus, a qual incluía "auditorias de laboratórios e instituições de pesquisa relevantes que operam na área onde os casos humanos iniciais foram identificados em dezembro de 2019" – ou seja, na cidade chinesa de Wuhan.