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Nicarágua

Ortega acusa Lula de ser “bajulador” por pedir atas da Venezuela e cita Lava Jato

Daniel Ortega e Lula em 2011, durante encontro do Foro de São Paulo realizado na Nicarágua (Foto: Mario López/EFE)

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O ditador da Nicarágua, Daniel Ortega, disse nesta segunda-feira (26) que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva é “bajulador” dos Estados Unidos por pedir que o Conselho Nacional Eleitoral (CNE) da Venezuela divulgue as atas de votação que, segundo o colegiado, comprovariam a vitória de Nicolás Maduro na eleição presidencial venezuelana de 28 de julho.

Segundo informações do jornal Confidencial, as declarações de Ortega foram proferidas durante participação na 11ª Cúpula Extraordinária da Aliança Bolivariana para os Povos da Nossa América-Tratado de Comércio dos Povos (Alba-TCP), realizada virtualmente.

“Se você quer que eu te respeite, me respeite, Lula, se você quer que o povo bolivariano [venezuelano] te respeite, respeite a vitória do presidente Nicolás Maduro. Não seja bajulador”, afirmou Ortega.

Depois que o Tribunal Supremo de Justiça (TSJ) da Venezuela, que, assim como o CNE, é controlado pelo chavismo, ratificou na semana passada a fraude eleitoral no país, os governos do Brasil e da Colômbia divulgaram um comunicado reiterando a reivindicação de que as atas sejam divulgadas.

Ortega disse que quem faz essa cobrança “está repetindo os slogans dos ianques, dos europeus, dos governos bajuladores [conservadores] da América Latina”.

“Você também está bajulando, Lula. E não me diga que seus governos foram extraordinários... lembre-se das confusões, dos escândalos, da [operação] Lava Jato, lembre-se muito bem disso... lembre-se, Lula. Poderia mencionar mais uma dúzia de coisas”, disparou o ditador.

Este mês, o governo da Nicarágua decidiu expulsar o embaixador do Brasil no país centro-americano, Breno de Souza Brasil Dias da Costa, depois que ele não compareceu à cerimônia do 45º aniversário da Revolução Sandinista, realizada em 19 de julho em Manágua, e também em razão do esfriamento das relações entre o governo Lula e a ditadura sandinista.

Isso teria ocorrido após o Brasil ter pedido para que Ortega libertasse o bispo Rolando Álvarez, que ficou mais de um ano preso na Nicarágua e foi expulso do país em janeiro deste ano. Em resposta, o Brasil expulsou a embaixadora da Nicarágua no Brasil, Fúlvia Castro.

Na sua fala desta segunda-feira, Ortega alfinetou Lula por tentar ser intermediário entre a ditadura da Nicarágua e a Santa Sé.

“Se o papa quiser se comunicar conosco, pode fazê-lo, comunicamo-nos continuamente com eles, com o chanceler [da Santa Sé, Pietro] Parolin, já tivemos várias conversas com ele e falamos com ele muito claramente, e ele nos escuta. Não precisamos de intermediários, nem pedimos para o Lula ser intermediário”, disse o ditador, que também criticou um comentário do brasileiro em julho, no qual questionou se a Revolução Sandinista de 1979 foi feita apenas para ganhar o “poder” ou “melhorar a vida do povo” nicaraguense.

“Então, o que posso dizer para você, Lula, já que você falou publicamente sobre isso, há quantos mandatos você está no governo? Você já tem dois mandatos, parece que você gosta de ser presidente e da presidência desse grande país, que é o Brasil. Você quer ser o representante dos ianques na América Latina, por isso rompemos relações com o Brasil”, afirmou.

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