| Foto: JUSTIN TALLIS/AFP

Negociar a saída da União Europeia, impulsionar a economia em um período de incertezas, unificar o Partido Conservador, assim como um país dividido pelo plebiscito sobre o Brexit são alguns dos desafios hercúleos que a primeira-ministra britânica, Theresa May, terá pelo caminho.

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O primeiro trabalho de Theresa May é formar o governo, uma tarefa complexa devido às rupturas entre os conservadores durante a campanha para o referendo.

A principal nomeação foi a do ex-prefeito de Londres e figura-chave do Brexit, Boris Johnson, como ministro das Relações Exteriores, e escolheu David Davis, outro proeminente defensor da saída do bloco, como o negociador do país para implementar o divórcio.

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Para a pasta das Finanças, cargo crítico no contexto atual, May escolheu Philip Hammond no lugar de George Osborne.

Iniciar um processo de “divórcio”

Theresa May defendeu a permanência na UE durante a campanha do referendo, mas afirmou que implementará o Brexit e que fará dele “um sucesso”.

Esta semana, May advertiu que não ativará o artigo 50 do Tratado de Lisboa - que desencadeia o processo de saída da UE - antes do fim do ano, mas está sob pressão, já que líderes europeus exigem do Reino Unido que defina sua postura.

‘Negociar o melhor acordo’

Ela se comprometeu a “negociar o melhor acordo para o Reino Unido que sai da UE, e o estabelecimento de um novo papel para o país no mundo”.

Mas a principal dificuldade é que se o país quiser conservar seu acesso ao mercado único europeu de bens, deverá continuar aceitando a livre circulação de pessoas.

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Este ponto se apresenta como fonte de atrito, pois o principal lema da campanha do Brexit foi “frear a imigração”.

Impulsionar a economia

Theresa May também tem a tarefa de dar segurança aos investidores, em um momento em que a libra cambaleia perante o dólar e o Banco da Inglaterra deu os primeiros indícios de riscos para a estabilidade financeira.

A queda da libra impulsionou as exportações, mas desde o anúncio dos resultados do plebiscito, vários fundos imobiliários suspenderam suas operações e muitos bancos estudam levar para outras praças os centros que mantinham em Londres.

Embora a nomeação de May tenha acalmado sutilmente os mercados, a incerteza vai durar até que as negociações sobre a saída da UE se perfilem, o que complica a tarefa de evitar uma recessão.

Congregar o Partido Conservador

A nova primeira-ministra herda um panorama político complexo, pois seu partido se dividiu durante o plebiscito entre os defensores e os críticos do Brexit. Neste sentido, a nova primeira-ministra apostou em integrar pesos-pesados que defenderam a saída da UE em seu gabinete, com a nomeação de Boris Johnson.

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Durante a campanha se sucederam traições, golpes baixos e trocas de insultos, que depois continuaram na corrida pela sucessão, ainda que desde que May surgiu como líder, as águas se acalmaram, um sinal de que o partido poderá cerrar fileiras para enfrentar a adversidade.

Manter a coesão

Uma das “principais prioridades” de May será manter a coesão do Reino Unido, agora que o Brexit poderá atiçar os escoceses a celebrar um novo referendo, já que nesta zona os eleitores se pronunciaram majoritariamente a favor de permanecer na UE.

A primeira-ministra escocesa, Nicola Sturgeon, disse em Bruxelas que a Escócia seguirá “desempenhando seu papel em uma Europa mais forte”.