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Berlim – As relações da Alemanha com os Estados Unidos melhoraram mas não voltaram a ser o que eram até os anos 90, afirma o professor Christian Hacke, especialista em relações transatlânticas da Universidade de Bonn e autor de vários livros sobre o assunto.

O senhor acha que a qualidade das relações transatlânticas voltou a ser o que foi durante os governos de Reagan e Bush pai e de Helmut Kohl?

Christian Hacke – Nós temos hoje uma nova qualidade de relacionamento entre os dois países, mas também dos EUA com a Europa. Um aspecto que determina hoje o grau de qualidade das relações é que os EUA tornaram-se um parceiro muito difícil. Para o mundo inteiro houve essa mudança, não só para a Europa. Desde a guerra do Iraque e suas conseqüências, que pesam diariamente para o governo Bush, os EUA deixaram de ser um exemplo civilizatório para a estabilidade mundial como já foram no passado.

Quer dizer que no momento em que houver uma mudança em Washington, o relacionamento com a Europa voltará a ser tão bom quanto foi na era da Guerra Fria?

Qualquer que seja a mudança, se o candidato eleito for um republicano ou democrata, essa mudança só pode melhorar a situação. Mas a herança que o próximo presidente americano vai receber será catastrófica, uma das piores da História.

Quando eleita, Merkel assumiu o papel de preferida de Bush. Mas depois veio Sarkozy, que ganhou esse papel. Os europeus estão concorrendo para reatar com os EUA?

Os dois países foram procurados pelos EUA, que foram, pouco a pouco, perdendo seus parceiros na Europa, primeiro a Espanha, depois os países da chamada "nova Europa" (os novos membros da União Européia). Por fim até a Inglaterra está abandonando o apoio à política do Iraque. Os EUA precisam despertar de novo simpatia no continente europeu.

E por causa disso os EUA passaram a aceitar mais as críticas dos parceiros europeus?

Houve uma mudança de posição da Europa sobre o que significa aliança. Antigamente, os europeus seguiam sem nenhuma capacidade de crítica os americanos. Isso ocorreu até os anos 80, início dos 90. Mas hoje, mesmo quando a tendência é uma melhora do relacionamento, vemos como Merkel faz críticas em relação ao compromisso para a redução das emissões.

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