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Primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu
Primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu | Foto: GALI TIBBON/AFP| Foto:

Durante a viagem do presidente Jair Bolsonaro a Israel neste fim de semana, o governo brasileiro anunciou que vai abrir um escritório comercial em Jerusalém. Mesmo sem ter status diplomático, a medida é mais um sinal do fortalecimento da relação entre os dois países sob o novo governo.

A transferência da embaixada de Tel-Aviv para Jerusalém, porém, continua em banho-maria. Bolsonaro disse nesta segunda-feira (1º) que mantém o compromisso de mudar o endereço da embaixada, mas argumentou que tem até 2022, fim de seu mandato, para fazer isso.

"O que eu quero é que seja respeitada a autonomia de Israel. Se eu fosse hoje abrir negociações com Israel, eu colocaria a embaixada onde? Em Jerusalém. Não queremos ofender ninguém, mas quero que respeitem a nossa autonomia", afirmou o presidente.

Desde a campanha eleitoral Bolsonaro falava em adotar a mesma postura do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, que transferiu a embaixada de seu país para Jerusalém em maio de 2018. A mudança de postura dos americanos rompeu com o consenso internacional de não reconhecer Jerusalém como capital de Israel ou da Palestina até que um acordo entre as duas partes seja firmado.

Mas Bolsonaro não foi o único a seguir os Estados Unidos. Outros quatro países alinhados ideologicamente a Washington adotaram uma postura pró-Israel em relação aos assuntos territoriais entre palestinos e judeus – um deles porém, voltou atrás.

Guatemala

Atualmente é o único país, além dos Estados Unidos, que tem sua embaixada de Israel em Jerusalém. A mudança ocorreu dois dias depois que os americanos inauguraram sua embaixada na cidade sagrada, em 16 de maio de 2018.

"Não é uma coincidência que a Guatemala esteja abrindo sua embaixada em Jerusalém logo no começo. Você esteve sempre entre os primeiros. Você foi o segundo país a reconhecer Israel ”, disse o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, durante a cerimônia, referindo-se à fundação de Israel em 1948.

Internamente, a medida foi vista como uma tentativa do presidente Jimmy Morales de cativar o apoio de Trump para que o país continuasse recebendo assistência estrangeira ao mesmo tempo em que bloqueava investigações de organismos internacionais sobre suspeitas de corrupção envolvendo seu nome.

Antes de 1980, a Guatemala e outros países mantinham embaixadas em Jerusalém. Naquele ano, porém, quando Israel aprovou uma lei em que declarava a cidade como sua "capital indivisível e eterna", uma resolução do Conselho de Segurança da ONU conclamou estes países a transferir suas embaixadas para Tel-Aviv.

Paraguai

O Paraguai foi o terceiro país a transferir o endereço de sua embaixada de Israel, mas a mudança não durou muito tempo.

A inauguração do novo local diplomático ocorreu em 21 de maio, com a presença de Netanyahu e do ex-presidente paraguaio, Horacio Cartes. Na ocasião, o primeiro-ministro israelense disse que o Paraguai tinha adotado uma "postura corajosa" ao reconhecer Jerusalém como capital de Israel.

Três meses depois, porém, a decisão foi revertida pelo novo presidente do Paraguai, Mario Abdo Benítez, que assumiu o cargo em agosto de 2018. Segundo seu ministro de Relações Exteriores, Luis Alberto Castiglioni, com a mudança de postura, o Paraguai visa "contribuir para uma intensificação dos esforços diplomáticos regionais para alcançar uma paz ampla, justa e duradoura no Oriente Médio".

Hungria

A embaixada húngara em Israel continua em Tel-Aviv, mas o país abriu um escritório comercial em Jerusalém em março deste ano, em uma medida semelhante à adotada pelo Brasil. A diferença é que, no caso da Hungria, tal escritório detém status diplomático.

Netanyahu afirmou que a decisão se consolidou como a "primeira missão diplomática aberta em Jerusalém em muitas décadas".

Mas, por fazer parte da União Europeia, a Hungria está amarrada a um consenso existente dentro do bloco de que nenhum país-membro deve mudar sua embaixada em Israel a Jerusalém. Este consenso se baseia na posição de que o status final da cidade só será determinado por um acordo entre israelenses e palestinos.

República Checa

A República Checa adotou postura semelhante ao Brasil. Em novembro de 2018, abriu a "Casa Checa" em Jerusalém, um "primeiro passo" para realocar a embaixada do país para a cidade sagrada. O país, entretanto, enfrenta as mesmas restrições da Hungria por pertencer à União Europeia.

O escritório comercial não possui status diplomático.

Outros países, como Austrália, Eslováquia e Romênia declararam interesse em mudar sua embaixada ou abrir representações diplomáticas em Jerusalém.

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