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O presidente eleito dos EUA, Joe Biden, em conferência de imprensa em Wilmington, Delaware, em 15 de janeiro de 2021.
O presidente eleito dos EUA, Joe Biden, em conferência de imprensa em Wilmington, Delaware, em 15 de janeiro de 2021.| Foto: Angela Weiss / AFP

O velho ditado “A vingança é um prato que se serve frio” significa normalmente que é melhor retribuir uma injustiça suposta ou real depois que o tempo passa, para que seja feito de modo desapaixonado. Às vezes o melhor mesmo é não servir o prato.

Tal como alimentos perecíveis deixados sem refrigeração, um tipo diferente de “bactéria” pode infectar a nação.

A impassibilidade está recuando em Washington e, em vez de uma vingança fria, a presidente da Câmara, Nancy Pelosi, e muitos outros democratas estão aumentando o fogo.

Ouvi alguns conservadores que acreditam que os democratas estão tentando destituir o presidente Donald Trump pela segunda vez e até negar-lhe o direito de voltar a ocupar cargos públicos porque temem o sucesso de sua política e os 74 milhões que votaram nele.

Mais do que em revanche, os democratas estão engajados em vingança.

O presidente eleito Joe Biden pediu cura e unidade, mas ele também contribuiu para aumentar o calor com alguns de seus comentários anti-Trump e anti-republicanos. Isso prova um ponto que afirmei anteriormente.

A antítese do provérbio “uma resposta suave afasta a ira” é que uma resposta dura aumenta a ira. Pode-se argumentar que todos os insultos pessoais de Trump aos outros agora voltaram para atacá-lo.

A decisão de Pelosi e seus colegas democratas pelo impeachment só divide ainda mais o país, aprofunda as teorias da conspiração e possivelmente levará a mais violência e dificultará a confirmação dos indicados de Biden para cargos essenciais. E também pode encorajar nossos inimigos.

O modelo para lidar com um presidente que muitos sentem que desgraçou a si mesmo e ao gabinete da presidência é o que Gerald Ford fez pelo ex-presidente Richard Nixon após a renúncia de Nixon por causa do caso Watergate.

Em 8 de setembro de 1974, Ford perdoou Nixon. Ele disse que entre seus motivos está um julgamento no Senado que levaria até um ano e “entretanto, a tranquilidade a que esta nação foi restaurada pelos acontecimentos das últimas semanas” – significando a renúncia de Nixon – “poderia ser irreparavelmente perdida com a perspectiva de levar a julgamento um ex-presidente dos Estados Unidos”.

Ford continuou em seu anúncio de perdão: “As perspectivas de tal julgamento causarão um debate prolongado e divisivo sobre a conveniência de expor a mais punições e degradação um homem que já pagou a pena sem precedentes de renunciar ao cargo mais alto dos Estados Unidos”.

É verdade que a situação de Trump é diferente. Ele não renunciou ou sofreu por suas ações, reais e alegadas. Mas o princípio é o mesmo.

A vingança se espalhou até para membros da equipe da Casa Branca e mesmo para apoiadores de Trump no Congresso.

Houve apelos, inclusive da revista Forbes, para que essas pessoas fossem negadas a empregos futuros como punição por sua associação com Trump. O editor da Forbes, Randall Lane, adverte as empresas que ao contratar secretários de imprensa de Trump, eles deveriam assumir que tudo o que disseram é mentira.

Isso é uma reminiscência da lista negra de Hollywood, da “Ameaça Vermelha” e da era McCarthy. Onde estão as pessoas de princípios que corajosamente se levantaram contra essas manchas? Se elas não se levantarem novamente agora, elas correm o risco de possíveis danos futuros para elas próprias e para o país.

Corporações, como o Deutsche Bank, anunciaram que não farão mais negócios com Trump. Para eles, ele tem o equivalente a uma letra escarlate estampada indelevelmente em seu peito.

A melhor política a seguir é permitir que Trump deixe o cargo e deixar o sistema de justiça funcionar. Se crimes foram cometidos, que sejam julgados nos tribunais, mas é ainda melhor construir um futuro melhor do que viver em um passado amargo.

A vingança só vai transformar Trump em um mártir na mente de seus apoiadores. Isso também não será bom para o país.

Cal Thomas é colunista e autor de vários livros, incluindo “America's Expiration Date: The Fall of Empires and Superpowers and the Future of the United States”.

©2021 The Daily Signal. Publicado com permissão. Original em inglês.
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