Três importantes países, que direta ou indiretamente estão preocupados com as negociações para a desnuclearização, são os grandes ausentes na reunião de cúpula entre o ditador norte-coreano Kim Jong-un e o presidente norte-americano, Donald Trump: China, Rússia e Japão, aponta a rede britânica BBC.
O principal deles é a China. Por décadas, ela tem sido um grande apoio para a Coreia do Norte. Há uma grande possibilidade de que o acordo que venha a ser firmado por Kim Jong-un e Donald Trump tenha de ser, de alguma forma ou outra, ser endossada pelo gigante asiático. Neste ano, Kim já visitou Pequim duas vezes. Isto sugere que o ditador tenha alinhado seus pontos de vista diplomáticos com o regime de Xi Jinping.
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Indiretamente, a China esteve envolvida nos preparativos para a reunião de cúpula. Ela forneceu o avião que transportou Kim e sua equipe de Pyongyang a Cingapura. “A China continua tendo um papel relevante na Península Coreana”, diz Shawn Ho, um pesquisador associado do S. Rajaratnam School of International Studies. “Ela aparenta dar um grande apoio ao regime de Kim”, complementou.
Aceitar o apoio chinês pode simbolizar uma admissão de fraqueza de um líder cuja imagem está baseada na filosofia da autossuficiência. A Coreia do Norte não fez nenhuma tentativa de ocultar a colaboração, publicando, no principal jornal do país, uma foto do ditador saindo do avião chinês e constantemente enfatizando que se tratava de um avião chinês.
Japão e Rússia sem papel
Outro país relevante na região, mas que não teve nenhum papel na cúpula foi o Japão. Visto como inimigo pela Coreia do Norte e ao alcance dos misseis norte-coreanos. O primeiro-ministro japonês Shinzo Abe encontrou Trump várias vezes para colocar alguns pontos de vista japoneses em relação ao tema. O mais importante deles é a liberação de cidadãos japoneses sequestrados pela Coreia do Norte.
A movimentação de Trump tem preocupado o primeiro-ministro japonês Shinzo Abe, que teme que Washington esteja se movimentando em direção à normalização das relações com um estado hostil que permanece como uma grande ameaça para o Japão, cuja constituição proíbe armas nucleares e limita sua capacidade militar.
Quem ficou às margens do encontro foi um importante aliado da Coreia do Norte. Moscou condenou o programa nuclear de Kim e também disse que as sanções internacionais contra a Coreia do Norte podem ser consideradas como infrutíferas. O ministro russo das Relações Exteriores, Sergei Lavrov, chegou a visitar Pyongyang para conversar com o ditador norte-coreano sobre o assunto.
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Um ponto em comum reúne o interesse desses três países: “É sobre o futuro do Noroeste da Ásia, não apenas sobre a Coreia do Norte. E Kim Jong-un está à frente”, diz Sheila Smith, especialista em assuntos japoneses do Council on Foreign Relations. A questão interessante, segundo ela, é se países como Rússia, China e Japão vão acordar para o fato de que precisam ter um melhor controle sobre o que querem para a região,
Trump tem reiterado o interesse em reduzir o número de tropas baseadas na Coreia do Sul, prometendo garantir a sobrevivência do regime de Kim sob um acordo de paz e aparenta estar intrigado em relação à ideia de um tratado de paz para terminar formalmente a guerra na Coreia, que se desenrolou entre 1950 e 1953.