No centro de Jerusalém, ao lado de um cemitério muçulmano, uma praça leva o nome do brasileiro Oswaldo Aranha (1894-1960).
Ele é homenageado por israelenses porque presidiu, em 1947, uma sessão especial da Assembleia-Geral da ONU e apoiou a partição da Palestina britânica, evento que levou à criação do Estado de Israel, em 1948. A resolução também previa um Estado árabe, ainda inexistente.
O brasileiro é considerado fundamental para a decisão da ONU por ter feito lobby por um voto positivo. Ele foi nomeado ao Nobel da Paz.
Por ter presidido aquela sessão, Oswaldo Aranha inaugurou também uma tradição seguida até hoje pelas Nações Unidas: a de que o chefe da delegação brasileira seja o primeiro a discursar na reunião.
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A ONU era, àquela época, um órgão recente e tinha feito poucas discussões oficiais. A sede atual ainda não estava em uso.
Há, no entanto, visões conflitantes sobre o legado do brasileiro.
Por um lado, louva-se o trabalho do diplomata pela partição da Palestina britânica, mas historiadores apontam também que ele participou da decisão de o Brasil negar vistos a judeus, enquanto a Alemanha perseguia o povo.
Um dos estudos mais citados é o da professora da Universidade de São Paulo Maria Luiza Tucci Carneiro, autora de "O Antissemitismo na Era Vargas" (editora Perspectiva, 540 págs., R$ 67) e de outras obras sobre esse tema.
As pesquisas, no entanto, não reduziram o afeto sentido em Israel pelo personagem histórico.
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Além da praça em Jerusalém, há lembranças no kibutz Bror Chail. Esse kibutz —nome dado a comunidades coletivas em Israel— está localizado próximo à faixa de Gaza e abriga uma comunidade expressiva de brasileiros.
O Bror Chail diz guardar ali, entre suas construções, o martelo utilizado por Oswaldo Aranha em uma das sessões da ONU.