O secretário de Estado americano, Mike Pompeo, afirmou, nesta terça-feira (4), que os Estados Unidos suspenderão sua participação num tratado nuclear da era da Guerra Fria, com o argumento de que a Rússia tem violado a iniciativa. A Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) concluiu que Moscou viola o Tratado de Forças Nucleares de Alcance Intermediário (INF), de 1987. “O INF tem sido crucial na manutenção da defesa da Otan por mais de 30 anos”, disse a organização em comunicado.
Em reunião dos membros da Otan na sede em Bruxelas, Pompeo disse que os Estados Unidos começarão o processo de saída do acordo em 60 dias, caso Moscou não entre em conformidade com os termos.
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Em comunicado nesta terça-feira, os ministros das Relações Exteriores da Otan afirmam que eles "apoiam fortemente a conclusão dos Estados Unidos de que a Rússia viola de modo flagrante suas obrigações" no âmbito do Tratado de Forças Nucleares de Alcance Intermediário, de 1987.
O ultimato dos Estados Unidos equivale a um abrandamento da posição do governo de Donald Trump, que havia ameaçado formalmente retirar seu país do pacto. Os ministros da Otan pediram que a Rússia "volte urgentemente a cumprir totalmente e de modo verificável" o acordo nuclear.
“Não faz sentido os Estados Unidos permanecerem em um tratado que limita nossa capacidade de responder às violações da Rússia”, disse Pompeo após a reunião de ministros das Relações Exteriores da Otan. “Esperamos que eles mudem de rumo, mas não há absolutamente nenhuma indicação de que eles farão isso”.
O Tratado de Forças Nucleares de Alcance Intermediário (INF), assinado por Estados Unidos e União Soviética em 1987, tem sido “crucial na manutenção da defesa da Otan por mais de 30 anos”, disse a organização em comunicado.
A Otan concluiu que a Rússia desenvolveu e implantou um sistema de mísseis, chamado 9M729, que viola o Tratado INF e “representa riscos significativos para a segurança euro-atlântica”. O acordo proíbe mísseis nucleares e não-nucleares lançados do solo com alcance de 500 a 5.500 quilômetros. O INF é um pilar da segurança da Europa há mais de três décadas, mas a administração Trump disse que o acordo coloca os Estados Unidos em desvantagem militar contra a China, que não está vinculada pelo tratado.
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O comunicado da Otan informa ainda que os seus membros, em especial os Estados Unidos, estavam preocupados com a Rússia havia cinco anos, e que o país respondeu a essas preocupações com negativas e falta de transparência. A Rússia admitiu a existência do sistema de mísseis apenas recentemente, e, mesmo assim, sem dar as explicações necessárias, afirmou a Otan.
O anúncio de Trump de que os Estados Unidos sairiam do tratado aumentou os temores de um retorno às tensões da Guerra Fria, quando os mísseis nucleares em todo o continente ameaçavam atingir os alvos em poucos minutos. Pompeo não detalhou os planos dos EUA para o futuro, mas sugeriu que o Pentágono começaria rapidamente a construir sua capacidade.
“Não há razão para que os Estados Unidos continuem cedendo essa vantagem militar crucial a potências revisionistas como a China”, disse Pompeo na terça-feira.
Para grande parte do Ocidente, o Tratado INF foi um divisor de águas no controle de armas da Guerra Fria, eliminando mais de 2.600 mísseis e terminando um impasse de anos com mísseis nucleares na Europa entre o Oriente e o Ocidente.
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