O secretário-geral da OTAN, Jens Stoltenberg, celebrou, nesta quinta-feira (27), o fato de os presidentes da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, e da China, Xi Jinping, terem falado por telefone pela primeira vez desde o início da invasão russa, mas alertou que Pequim segue sem condenar esta agressão.
“Recebo com satisfação a ligação entre o presidente Zelensky e o presidente Xi. Acho que também é importante que a China compreenda melhor as perspectivas ucranianas", disse Stoltenberg quando questionado sobre o assunto durante coletiva de imprensa ao lado do primeiro-ministro de Luxemburgo, Xavier Bettel.
O político norueguês acrescentou que, de qualquer forma, "isso não muda o fato de que a China não foi capaz de condenar a invasão ilegal da Ucrânia pela Rússia". Ao mesmo tempo, enfatizou que os aliados da OTAN expressaram "seu firme apoio ao plano de paz do presidente Zelensky, que inclui, é claro, o pleno respeito da integridade territorial da Ucrânia".
Para Stoltenberg, cabe à Ucrânia “decidir quais são as condições para as conversas e quais formatos deve ter qualquer conversa” com a Rússia. "O que sabemos é que qualquer chance, qualquer possibilidade de negociações significativas, requer que a Ucrânia tenha a força militar necessária para enviar uma mensagem muito clara ao presidente [russo, Vladimir] Putin, de que não vencerá no campo de batalha", ressaltou o secretário-geral da Aliança Atlântica. "Então se você quer uma solução pacífica negociada, onde a Ucrânia prevaleça como uma nação soberana e independente, a melhor maneira de chegar lá é fornecer apoio militar à Ucrânia, exatamente como os aliados da OTAN estão fazendo", completou.
Ucrânia e China abriram a janela para o diálogo na quarta-feira (26), com a primeira conversa desde o início da guerra entre Xi e Zelensky, com perspectivas muito diferentes sobre como abordar o caminho para a paz.
Na conversa, que durou uma hora, segundo Zelensky, Xi defendeu uma solução pacífica para o conflito. O chefe de Estado chinês defendeu a integridade territorial da Ucrânia e garantiu que Pequim não vai “observar o conflito de longe, na esperança de obter benefícios” ou “colocar mais lenha na fogueira”.
Xi também anunciou que nomeou um representante especial para "realizar uma comunicação profunda com todas as partes sobre uma solução política para a crise". Segundo o Ministério das Relações Exteriores da China, trata-se do ex-embaixador na Rússia, Li Hui.
Zelensky, por sua vez, anunciou a nomeação de Pavlo Rabikin como novo embaixador em Pequim, onde a delegação ucraniana era chefiada, desde fevereiro de 2021, pelo encarregado de negócios.
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