A Otan negou nesta segunda-feira (6) um relato de que as unidades da aliança militar não ajudaram um barco à deriva com imigrantes africanos vindos da Líbia, num incidente que causou a morte de 62 pessoas de fome e sede.
A França também negou que seu porta-aviões Charles de Gaulle tenha se envolvido no incidente, divulgado pelo jornal "Guardian".
O jornal britânico informou que o barco, que transportava 72 pessoas, incluindo várias mulheres, crianças e refugiados políticos que fugiam da guerra civil que abala o país, teve problemas depois de sair de Trípoli em direção à ilha italiana de Lampedusa, 290 quilômetros a noroeste, em 25 de março.
A reportagem disse que, apesar de a guarda costeira italiana ter sido alertada e do barco ter feito contato com um helicóptero militar e um navio de guerra da Otan, nenhum esforço de resgate foi tentado.
Apenas dez pessoas a bordo sobreviveram. Todos os demais morreram quando a embarcação ficou à deriva em alto mar por 16 dias, segundo o jornal.
A porta-voz da Otan Carmen Romero disse que somente um porta-aviões estava sob o comando da Otan durante o período, o navio italiano Garibaldi, e que estava operando a cem milhas náuticas (185,2 quilômetros) em alto mar.
"Portanto, quaisquer alegações de que um porta-aviões da Otan tenha visto e ignorado a embarcação em perigo estão erradas", afirmou ela.
Romero disse que, na noite de 26 para 27 março, diversas unidades da Otan estavam envolvidas no resgate de mais de 500 pessoas de duas embarcações que transportam imigrantes em incidentes em uma área a cerca de 50 milhas náuticas (92,6 quilômetros) a norte-nordeste de Trípoli.
"As unidades da Otan envolvidas não viram nem ouviram nenhum traço de outros navios na área em que a segurança da vida no mar tenha sido ameaçada", argumentou.
"Navios da Otan estão plenamente conscientes de suas responsabilidades no que diz respeito ao direito internacional marítimo à segurança de vidas no mar."
O "Guardian" citou sobreviventes e outras pessoas que estavam em contato com passageiros a bordo do navio.
O jornal disse que tinha chegado à conclusão, após extensas investigações, que o que era referido como "navio de guerra da Otan" seria provavelmente o Charles de Gaulle, que operava no Mediterrâneo.
O navio francês está participando da operação internacional na costa da Líbia, mas não sob o comando da Otan.
Thierry Burkhard, porta-voz das Forças Armadas francesas, negou que a marinha francesa tenha falhado em ajudar.
"O Charles de Gaulle não esteve em nenhum momento em contato com um barco desse tipo, nem qualquer outro navio francês, devido à sua posição", disse ele.
O "Guardian" informou que o navio de imigrantes teve problemas e começou a perder combustível a 18 horas de distância de Trípoli. Foi usado um telefone via satélite para chamar o padre da Eritreia Moisés Zerai, em Roma. Ele dirige uma organização de direitos dos refugiados, a Habeshia, que contatou a guarda costeira italiana.
O jornal disse que a localização do barco foi reduzida para cerca de 97 quilômetros de Trípoli, e que a guarda costeira garantiu a Zerai que o alarme tinha sido dado.
Zerai não estava imediatamente disponível para comentar na segunda-feira.