A Otan decidiu nesta sexta-feira pelo fim de sua operação na Líbia a partir da próxima segunda-feira (31), apesar dos apelos do novo regime para que as patrulhas aéreas continuem até o fim do ano.
"A operação na Líbia terminará em 31 de outubro de 2011. Nossa tarefa militar foi concluída", declarou o secretário-geral da Otan, Anders Fogh Rasmussen, em um comunicado.
"Concluímos a missão histórica das Nações Unidas de proteger o povo líbio", acrescentou, qualificando a operação na Líbia de "um dos maiores êxitos da Otan".
Para o chefe da Otan, os líbios "têm muito trabalho a fazer para construir uma nova Líbia, fundamentada na reconciliação, nos direitos humanos e no Estado de direito".
"O Conselho do Atlântico Norte (instância da aliança que inclui representantes de cinco países não-membros - Qatar, Emirados Árabes Unidos, Marrocos, Jordânia e Suécia - participantes da operação) confirmou a decisão tomada há uma semana", havia escrito Rasmussen mais cedo em sua conta no microblog Twitter.
A organização já tinha tomado a decisão de sair da Líbia em caráter preliminar na semana passada, após a morte do ex-ditador Muamar Kadhafi, mas a concretizou esta sexta-feira, depois de o Conselho de Segurança da ONU aprovar por unanimidade o fim do mandato que autorizava ações militares na Líbia a partir das 11h59 (hora da Líbia, 19h59 de Brasília) de 31 de outubro.
Baseado nas resoluções de 1970 e 1973 da ONU, o Conselho de Segurança impôs sanções contra o regime do coronel Kadhafi e autorizou medidas de proteção para os civis. A operação da Otan foi chamada de "Protetor Unificado".
Na prática, o embargo sobre as armas e as 26 mil decolagens aéreas da Otan, entre elas 9.650 com alvo "ofensivo", contribuíram consideravelmente para a mudança de regime na Líbia, mesmo sem este ser um objetivo oficial da Otan.
Os aviões de combate da Otan darão por terminada a missão na segunda-feira, após mais de 26 mil operações e de bombardear quase 6 mil alvos, em uma mobilização que ajudou as forças rebeldes locais a derrubar o veterano líder Muamar Kadhafi.
Apesar disso, o secretário geral afirmou que não vê a organização como personagem principal da revolta, mas que está disposta a ajudar na transição democrática do país, caso o novo governo queira.
O Conselho Nacional de Transição (CNT) havia pedido na quarta-feira (26) a permanência da Otan na Líbia pelo menos "até o fim do ano", justificando que apesar da morte de Kadhafi, seus últimos seguidores ainda representam uma ameaça ao país.
Este temor foi reforçado por informações publicadas no jornal Beeld, da África do Sul, sobre a presença de um grupo de mercenários sul-africanos na Líbia, que tentavam retirar Seif Al-Islam, filho de Muammar Kadhafi, do país.
Segundo um líder tuaregue, Seif al-Islam chegou terça-feira à fronteira do Níger em busca de refúgio.
O ministro britânico das Relações Exteriores, William Hague, afirmou que a resolução da ONU prova que o país "entrou em uma nova era".
"A resolução ressalta que as autoridades líbias têm o dever de proteger os direitos humanos e impedir represálias de vingança", explicou. Hague se reuniu com os líderes do CNT sobre este assunto durante uma visita a Trípoli na semana passada.
Um líder da Otan informou na quinta-feira (27) que alguns países da aliança podem ajudar as novas autoridades líbias a "gerenciar seu espaço aéreo" e controlar as fronteiras, mas fora do quadro da Otan.