Os líderes da Organização para o Tratado do Atlântico Norte deixaram claro na cúpula no País de Gales que não irão usar a força para defender a Ucrânia| Foto: EFE/FACUNDO ARRIZABALAGA

Tropas russas avançam no leste da Ucrânia

Estadão Conteúdo

Tropas russas foram vistas nesta quinta-feira avançando pelo leste da Ucrânia, através da cidade de Novoazovsk e em direção a Mariupol, conforme informou o embaixador ucraniano na Organização das Nações Unidas (ONU), Yuriy Sergeyev.

Segundo ele, a ofensiva da Rússia contava com quatro tanques, três veículos blindados e cerca de 50 soldados. As tropas foram contidas pelo exército da Ucrânia e por civis. "Os conflitos ainda continuam", disse Sergeyev em Nova York. Fonte: Associated Press

O Departamento de Defesa dos Estados Unidos, o Pentágono, informou que as tropas russas são as mais fortes enviadas para a região desde que os conflitos tiveram início.

Desta vez, o comboio, com 10 mil soldados, é menor do que anteriores, porém mais perigoso, pois possui uma artilharia mais poderosa, conforme afirmou um porta-voz do Pentágono, o coronel Steven Warren. "As tropas que estamos vendo agora são mais fortes e mais letais do que qualquer outra ofensiva russa", disse. Em março, a Rússia enviou cerca de 50 mil soldados para a fronteira com a Ucrânia, em função dos confrontos envolvendo a anexação da região da Crimeia ao território russo.

Warren lembrou ainda que, segundo a Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), há entre 1 mil e 2 mil tropas russas a mais atuando na Ucrânia.

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A Otan exigiu nesta quinta-feira (4) que Moscou retire suas tropas da Ucrânia. O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, e seus aliados ocidentais prometeram ainda apoiar Kiev e reforçar suas próprias defesas contra a Rússia, sua maior mudança estratégica desde a Guerra Fria.

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Os líderes da Organização para o Tratado do Atlântico Norte deixaram claro na cúpula no País de Gales que não irão usar a força para defender a Ucrânia, que não é membro da aliança militar, mas que planejam sanções econômicas mais severas para tentar mudar o comportamento da Rússia no território ucraniano.

O encontro de dois dias foi marcado pelo impasse mais sério entre Ocidente-Leste desde a queda do Muro de Berlim, 25 anos atrás, e do colapso do bloco soviético, assim como o alarme com as conquistas territoriais do Estado Islâmico no Iraque e na Síria.

As autoridades ocidentais expressaram uma profunda cautela em relação à menção do Kremlin a um cessar-fogo iminente na revolta armada de cinco meses dos separatistas pró-Rússia no leste da Ucrânia, que veio no momento em que a Otan se reunia e a União Europeia prepara novas sanções.

Declarações anteriores como esta se mostraram "uma cortina de fumaça para a desestabilização contínua da Ucrânia", disse o secretário-geral da Otan, Anders Fogh Rasmussen, aos repórteres depois de os 28 líderes se encontrarem com o presidente ucraniano, Petro Poroshenko.

"Conclamamos a Rússia a retirar suas tropas da Ucrânia e deter o fluxo de armas, combatentes e fundos para os separatistas. Conclamamos a Rússia a evitar o confronto e seguir o caminho da paz", disse Rasmussen.

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Poroshenko, cujas forças sofreram uma série de revezes na última semana, afirmou aos jornalistas que irá ordenar um cessar-fogo na sexta-feira caso se assine um acordo sobre um plano de paz para encerrar a guerra no leste de seu país durante as conversas em Minsk, capital da Bielorrússia.

"O que precisamos agora para ter paz e estabilidade são duas coisas: a Rússia retirar suas tropas e fecharmos a fronteira", declarou Poroshenko.

O líder evitou falar em ressuscitar a campanha ucraniana para que o país seja aceito na Otan, o que França e Alemanha rejeitam por medo de que isso exacerbe as tensões com Moscou e os arraste para uma guerra.

O ministro russo das Relações Exteriores, Sergei Lavrov, ressaltou a oposição de Moscou à aceitação da Ucrânia na aliança militar, alertando que quaisquer tentativas de pôr fim ao status de não-alinhado do país poderia representar um risco à segurança, e acusou os EUA de apoiar "o partido da guerra" em Kiev.

Após uma semana de comentários desafiadores do presidente russo, Vladimir Putin, Lavrov afirmou que a Rússia está pronta para adotar medidas práticas para amenizar a crise e exortou Kiev e os rebeldes a darem atenção às propostas de cessar-fogo apresentadas por Moscou na quarta-feira.

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A Otan suspendeu a cooperação de segurança com a Rússia em março, quando o governo Putin anexou a Crimeia, mas os líderes da aliança não chegaram a cortar os laços políticos, embora os tenham colocado no gelo, na esperança de uma reaproximação no futuro.