Diplomacia
Negociação sobre crise ucraniana acaba sem resultados relevantes
Agência Estado
As negociações entre Rússia, Ucrânia e rebeldes separatistas terminaram ontem sem grandes resultados, de acordo com agências de notícias russas. Os representantes, no entanto, teriam concordado com um encontro na semana que vem.
Andrei Purgin, um dos líderes separatistas que participaram das negociações, disse que cada lado teve chance de expor pontos de vista. A informação é da agência russa RIA Novosti. "Nós entregamos documentos uns aos outros e vamos estudá-los", afirmou Purgin. "As consultas podem continuar em 5 de setembro".
Os outros participantes não fizeram comentários sobre o encontro após as negociações, que foram mediadas pela Organização para a Segurança e Cooperação na Europa (OSCE). Purgin disse que Kiev tinha feito "grandes" propostas, mas não as detalhou.
Antes da reunião, o lado rebelde anunciou que iria buscar "um status especial" para as regiões que controla, com autoridades locais eleitas, garantias sobre o papel da língua russa e o direito dos militantes de permanecer como agentes de aplicação da lei. Os insurgentes também queriam anistia para todos os separatistas e uma retirada das forças de Kiev.
Líderes da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) analisarão nesta semana uma proposta para a criação de uma força de emergência e para a estocagem de equipamentos militares e suprimentos no Leste Europeu. O objetivo é ajudar a proteger países-membros contra possíveis agressões da Rússia.
A informação foi divulgada ontem pelo secretário-geral da Otan, o dinamarquês Anders Fogh Rasmussen. "[O plano] vai garantir que tenhamos as forças certas e os equipamentos certos no lugar certo e na hora certa", disse Rasmussen. "Não que a Otan queira atacar alguém. Mas porque os perigos e ameaças estão mais presentes e são visíveis. E faremos o que for necessário para defender nossos aliados."
O presidente dos EUA, Barack Obama, e líderes de outros países que integram a Otan realizam na próxima quinta-feira uma cúpula de dois dias, no País de Gales.
Ainda ontem, o presidente russo, Vladimir Putin, pediu à União Europeia (UE) que tenha "bom senso" e evite uma espiral de sanções mútuas, na primeira reação à ameaça de novas punições pela crise na Ucrânia.
"Espero que o bom senso prevaleça, que trabalhemos normalmente e que nem nós nem os nossos parceiros tenham de suportar os custos de ataques mútuos", disse Putin.
Os líderes europeus concordaram no último sábado em pedir à Comissão Europeia que elabore mais medidas contra Moscou, que poderiam ser adotadas nos próximos dias, após acusações de que a Rússia estava enviando tropas para o território ucraniano.
O presidente Petro Poroshenko voltou a acusar ontem a Rússia de lançar uma "agressão direta e aberta" contra a Ucrânia, apoiando os separatistas pró-russos.
AK-47
As sanções comerciais impostas pelos EUA à Rússia geraram um aumento nas vendas de fuzis AK-47 (Kalashnikov) e os estoques acabaram em lojas do país, informou o Washington Post. "Os funcionários da Atlantic Firearms, em Bishopville [no estado de Maryland], trabalharam quase sem pausas para despachar centenas de fuzis AK-47 de fabricação russa, já que os compradores esgotaram os estoques das lojas em todo o país", publicou o jornal.