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A segunda de três conversas sobre a crise da concentração de tropas russas na fronteira com a Ucrânia terminou sem grandes avanços nesta quarta-feira (12) em Bruxelas, na Bélgica, assim como a primeira, e com o secretário-geral da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), Jens Stoltenberg, alertando para “risco real” de uma guerra na Europa.
Na segunda-feira, diplomatas americanos e russos haviam se reunido em Genebra, na Suíça. Além deste e do debate no âmbito do conselho Rússia-Otan em Bruxelas desta quarta-feira, haverá uma última conversa na quinta-feira (13), numa conferência da Organização para a Segurança e Cooperação na Europa em Viena, único dos três encontros em que a Ucrânia será representada diretamente.
Segundo informações da agência Reuters, Stoltenberg disse após o encontro desta quarta que a aliança militar do Ocidente está disposta a manter negociações com a Rússia sobre controle de armas e realocação de mísseis, mas não vai ceder à exigência de Moscou de vetar uma possível entrada da Ucrânia na Otan.
Moscou também demanda que não haja expansão da aliança e que atividades militares da Otan não sejam realizadas em países do antigo bloco comunista, que entraram na organização a partir de 1997. Os Estados Unidos consideram essas exigências inaceitáveis.
“Existe um risco real de novos conflitos armados na Europa”, declarou Stoltenberg. “Existem diferenças significativas entre os aliados da Otan e a Rússia, que não serão fáceis de superar.”
O vice-ministro das Relações Exteriores da Rússia, Alexander Grushko, disse que Moscou não concorda com a alegação da aliança de que não representa uma ameaça ao país, e que vai responder simetricamente a qualquer tentativa de intimidação.
“Se houver uma busca por vulnerabilidades no sistema de defesa russo, também haverá uma busca por vulnerabilidades na Otan”, disse Grushko. “Esta não é nossa escolha, mas não haverá outro caminho se não conseguirmos reverter o atual curso muito perigoso dos eventos.”
A Ucrânia estima que cerca de 100 mil soldados russos já estão concentrados na fronteira e teme uma invasão nos moldes da anexação da Crimeia e dos movimentos separatistas na região de Donbass apoiados por Moscou, ambos em 2014. O governo de Vladimir Putin alega que essa movimentação visa apenas a autodefesa.