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O secretário-geral da OTAN, Jens Stoltenberg, afirmou nesta quarta-feira (23), em cúpula de líderes dos países que integram a aliança, que espera um acordo para garantir apoio à Ucrânia, diante de "ameaças químicas, biológicas, radiológicas e nucleares".
"Amanhã, espero que os aliados concordem em oferecer apoio adicional, incluindo assistência para cibersegurança, assim como equipamento para ajudar a Ucrânia a se proteger contra ameaças químicas, biológicas, radiológicas e nucleares", disse o político norueguês, em entrevista coletiva.
Stoltenberg não quis dar detalhes sobre o tipo de equipamento que os membros da OTAN poderiam oferecer à Kiev para a defesa neste tipo de cenário, mas garantiu que a aliança está preocupada pela possibilidade de uso destes tipos de armas.
"Também vemos, não só a retórica nuclear do lado russo, mas também afirmações falsas de que a Ucrânia, apoiada por aliados da OTAN, está produzindo e se preparando para o uso de armas químicas. Isso é uma acusação absolutamente falsa", garantiu.
O secretário-geral reconheceu que as declarações de Moscou podem ser apenas uma forma de criar "um pretexto" para o uso de armas químicas pela Rússia contra a Ucrânia.
Stoltenberg relembrou que o Kremlin já utilizou agentes químicos contra opositores e também no território da OTAN, como no ataque ao ex-espião russo Sergey Skripal e a filha dele, na cidade de Salisbury, no Reino Unido, em 2018.
"A Rússia foi parte do uso de armas químicas na Síria. Sustentou e apoiou o regime de Bashar al-Assad, que usou armas químicas várias vezes. Assim, estamos preocupados, e essa também é a razão pela qual estamos preparados e tentaremos modos de oferecer apoio à Ucrânia para se proteger", explicou.
Além disso, Stoltenberg destacou que o eventual uso de armas químicas na Ucrânia, além de "extremamente grave" para a população local, também pode afetar países aliados da OTAN.
"A contaminação, a propagação de agentes químicos ou biológicos usado na Ucrânia pode ter consequências diretas para a população que vive nos países aliados da OTAN na Europa", afirmou. "Seria uma violação flagrante do Direito Internacional", completou.
Mais cedo, o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, afirmou que existe possibilidade de a Rússia utilizar armas químicas na Ucrânia, minutos antes de embarcar no avião para viajar em direção à Bruxelas, onde participará de reuniões com líderes aliados.
"Acredito que há uma ameaça real", disse o chefe de governo, que, na capital da Bélgica, estará em reuniões de emergência da OTAN, do G7 e do Conselho da Europa.