Estrangeiros
Socialista busca votos da direita com proposta contra imigração
O socialista François Hollande prometeu ontem limitar, em tempos de crise econômica, o número de imigrantes que entram na França, além de impedir o uso de um determinado véu islâmico pelas mulheres no país. As declarações são um aceno aos eleitores de extrema-direita, que somaram cerca de 20% dos votos no 1º turno e tendem a apoiar o presidente Nicolas Sarkozy na decisão do próximo dia 6.
Duas pesquisas divulgadas ontem colocam Hollande entre 8 e 8,9 pontos porcentuais à frente de Sarkozy. Na quinta-feira, um levantamento lhe dava 10 pontos.
Hollande prometeu estabelecer via Parlamento uma cota anual de imigrantes de fora da União Europeia que chegam ao país em busca de trabalho.
"Sempre haverá imigração legal. O número pode ser reduzido? Esse é o debate", disse Hollande, ressaltando que Sarkozy já havia cortado a cota de 30 mil para 20 mil.
A adoção de uma posição mais restritiva em relação à imigração por François Hollande é mais um indicativo de que a extrema-direita, mesmo incapaz de eleger o presidente da França, adquiriu um peso político indispensável hoje no país.
Os candidatos à Presidência francesa, o socialista François Hollande e o conservador Nicolas Sarkozy, que busca a reeleição, travaram um duelo nesta semana sobre a reforma do pacto fiscal europeu e a introdução de medidas de estímulo do crescimento ao texto original.
Enquanto Hollande insistiu em sua intenção de renegociar o acordo para introduzir medidas de estímulo da atividade econômica, Sarkozy apostou em sua manutenção e na prioridade da redução da dívida e do déficit.
Os dois políticos expressaram suas diferenças sobre a forma de abordar os desequilíbrios fiscais da Europa e fomentar o crescimento econômico.
Hollande reiterou sua intenção de fazer sua primeira viagem como presidente para Berlim, com o objetivo de renegociar o pacto fiscal, assinado em março por 25 membros da União Europeia (UE), com a chanceler alemã Angela Merkel.
"Merkel será contra alguns pontos, mas haverá negociação. A Alemanha não vai decidir por toda Europa", afirmou o candidato socialista, que disse detectar uma onda de adesão a sua proposta de favorecer o crescimento econômico com políticas públicas.
O líder socialista acrescentou que "inclusive os especialistas econômicos e os mercados acham que sem crescimento econômico não se poderá cumprir os compromissos sobre a dívida".
Redução da dívida
Sarkozy afirmou que a França "não viveu nenhum trimestre de recessão" e indicou que a prioridade é reduzir a dívida para recuperar a autonomia orçamentária.
O atual presidente criticou a proposta de seu rival de contratar 60 mil funcionários para o ensino público porque isto impediria o país de alcançar os objetivos de déficit. "Há algum país que pense que o crescimento se faz contratando 60 mil funcionários?", perguntou o candidato.
Sarkozy voltou a citar a Espanha como exemplo negativo e assegurou que a França não se encontra na mesma situação graças às reformas que empreendeu, entre as quais destacou o aumento da idade de aposentadoria.
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