O padre acusado pelo ex-congressista norte-americano Mark Foley de molestá-lo quando era garoto afirmou na sexta-feira que as alegações não ofereciam motivos suficientes para que fosse processado.
Anthony Mercieca, que está aposentado e que vive na ilha de Gozo (Malta), admitiu em entrevista a meios de comunicação dos EUA que teve encontros com Foley que poderiam ser vistos como sexualmente inapropriados, mas negou ter mantido relações sexuais com o então menino.
Em um comunicado divulgado por seu advogado, Mercieca, 72, disse que a acusação de abuso sexual feita por um segundo homem era ``na melhor das hipóteses um lapso de memória e, na pior, uma invenção intencional''.
``Em vista da série de acusações feitas contra ele, o reverendo Anthony Mercieca acredita que nada ocorrido entre ele e Mark Foley cerca de 40 anos atrás poderia oferecer bases para uma ação jurídica contra ele'', disse o advogado Alfred Grech.
``Ele, por isso, considera a exposição agressiva e negativa como algo injusto e injustificável'', acrescentou.
Foley, que obteve seis mandatos no Congresso concorrendo pelo Estado da Flórida, renunciou a sua vaga no dia 29 de setembro depois de ter sido acusado de enviar e-mails com material de sexo explícito para jovens assessores do Poder Legislativo.
Pouco depois, Foley veio a público a fim de contar que foi vítima de abusos sexuais cometidos por Mercieca. O padre, que viveu no Brasil, trabalhou da metade dos anos 60 até 2002 no sul da Flórida, onde o ex-congressista foi coroinha no final dos anos 60.
Mercieca admitiu, em entrevistas, ter nadado nu com Foley, ter ficado nu no mesmo quarto junto com Foley e ter acariciado o então menino quando este estava nu.
Depois disso, um outro homem afirmou ter sofrido abusos sexuais cometidos pelo padre quando a vítima teria 12 anos de idade.
As acusações contra Mercieca acrescentam lenha na fogueira do escândalo envolvendo Foley, escândalo esse que abalou o Partido Republicano pouco antes das eleições do dia 7 de novembro, quando os norte-americanos elegem seu novo Congresso.
O caso também lembrou o escândalo sexual envolvendo padres da Igreja Católica dos EUA e que veio a público em 2002.
A Arquidiocese de Miami afirmou estar investigando as acusações feitas por Foley. ``Um comportamento desse tipo é moralmente condenável, canonicamente criminoso e indesculpável'', disse o órgão.