O sacerdote americano que investigou, nos anos 1990, o caso do padre que molestou cerca de 200 meninos surdos em Mil­­wau­­kee (EUA) saiu ontem em defesa do Papa Bento XVI, acusado de ter acobertado a denúncia quando dirigia a Congregação para a Dou­­trina da Fé.

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O sacerdote Thomas Brundage, presidente do tribunal eclesiástico que conduziu o processo contra o padre Lawrence Murphy, dis­­se que jamais o Vaticano pediu que a investigação fosse abandonada e que o jornal New York Ti­­mes, que revelou o caso e o suposto acobertamento do então cardeal Joseph Ratzinger, reconstruiu a história "de maneira imprecisa e negligente’’.

Segundo ele, a Congregação pa­­ra a Doutrina da Fé recebe "mui­­ta correspondência’’, e é pos­­sível que as cartas tratando do assunto não tenham chegado ao conhecimento do então cardeal – acusado de ter ignorado as denúncias.

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O caso de Milwaukee é parte de uma onda de acusações de pedofilia que tem recaído sobre a Igreja Católica nos Estados Unidos e em diversos países da Europa.

Ante as declarações de Brun­­da­­ge, o advogado de cinco vítimas que processam a arquidiocese de Mil­­waukee, Mike Finnegan, disse que é "falso’’ sugerir que Bento XVI não soubesse das alegações, já que cartas sobre o assunto haviam sido endereçadas diretamente a ele.

Outra advogada representando uma das supostas vítimas disse que documentos mostram que o Vaticano sabia dos erros de conduta do reverendo Ernesto Garcia-Rubio desde 1968.

Dívida de gratidão

O Papa foi defendido também pe­­lo atual dirigente da Congregação para a Doutrina da Fé, cardeal William Levada, que disse, em comunicado, ter "dívida de gratidão com Bento XVI por introduzir procedimentos que ajudaram a igreja a agir ante o abuso sexual de menores por padres’’.

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Levada admitiu, porém, que Murphy deveria ter sido removido do sacerdócio quando vieram à tona evidências de que ele havia molestado crianças por 24 anos. Murphy foi enterrado com suas vestes religiosas em 1998, aos 72 anos, sem ter sofrido nenhuma punição.