Encontre matérias e conteúdos da Gazeta do Povo
Sínodo dos bispos

Padres comentam vazamento de suposta carta de cardeais

Papa Francisco durante encontro com padres sinodais, no primeiro dia de debates do Sínodo sobre a família | MAX ROSSI/REUTERS
Papa Francisco durante encontro com padres sinodais, no primeiro dia de debates do Sínodo sobre a família (Foto: MAX ROSSI/REUTERS)

A notícia do suposto vazamento de uma carta privada que teria sido entregue ao papa Francisco, assinada por 13 cardeais participantes do Sínodo dos Bispos, com duras críticas à assembleia, foi o principal tema na coletiva de imprensa do encontro realizada nesta terça-feira (13), no Vaticano.

O porta-voz da Santa Sé, padre Federico Lombardi, reafirmou que quatro cardeais negaram a autoria da carta, mas não comentou a posição dos demais que aparecem na lista, gerando um clima de incerteza sobre a origem do documento, que teria sido entregue ao pontífice nos primeiros dias do sínodo.

“Quem fez isso, quis provocar confusão. O clima geral da assembleia é, sem duvida, positivo”, afirmou Lombardi.

Além de críticas à nova metodologia do Sínodo e ao Instrumentum Laboris (o texto que traz os temas a serem debatidos durante o encontro), a suposta carta revelaria que um grupo de padres sinodais pretende manipular as decisões da assembleia.

“A lista dos que assinaram está errada e o conteúdo não é aquele. Não sei exatamente o que fizeram, talvez quiseram atribuir assinaturas erradas a um texto equivocado”, disse George Pell, um dos cardeais citados na carta, em entrevista ao site italiano ACI stampa.

Na manhã desta terça-feira, o cardeal Gerhard Ludwig Müller, prefeito da congregação da doutrina da fé, um dos 13 citados pelo vaticanista Sandro Magister, responsável pela publicação da carta, contribuiu para que a dúvida em relação à veracidade do documento permanecesse.

“Eu não digo que a assinei nem que não. O escândalo é que veio a público uma carta privada ao pontífice. Isso é o novo vatileaks. [...] A intenção de quem quis publicar essa carta foi a de provocar tensões e brigas” , disse o cardeal ao jornal italiano “Corriere Della Sera”.

No dia 6 de outubro, o papa Francisco fez um discurso surpresa no qual pediu que os padres sinodais evitassem “teorias da conspiração” em relação à assembleia. Após o vazamento da carta, acredita-se que a afirmação do pontífice foi uma resposta ao abaixo-assinado que ele teria recebido das mãos do cardeal australiano George Pell, o prefeito da Secretaria de Economia do Vaticano.

Novo método do Sínodo

O secretário-geral do sínodo, cardeal Lorenzo Baldisseri, apresentou no dia 2 de outubro deste ano, após aprovação do papa, a nova metodologia a ser adotada pelo Sínodo ordinário sobre a família de 2015.

Eis os novos procedimentos: há mais espaço para os círculos menores, nos quais os membros do Sínodo são divididos por idioma e participam de debates livres; foi excluída pelo papa a relatio post disceptationem, documento publicado na metade da assembleia que serve de base para o texto final; o pontífice nomeou pessoalmente uma equipe de dez pessoas que redigirão o parecer final da assembleia (isso antes acontecia por votação); e, por fim, todos os participantes, entre padres sinodais, delegados irmãos (de outras religiões) e consultores podem discursar em plenário por três minutos.

De acordo com alguns participantes da assembleia, o novo método ainda é confuso, uma vez que muitos temas vêm à tona através dos círculos menores e das intervenções por parte dos participantes, o que pode gerar confusões em relação à elaboração do relatório final.

“Fazer observações sobre o novo método do Sínodo não é nada de novo. Mas uma vez que ele foi estabelecido, é necessário dar continuidade a ele da melhor forma possível”, disse padre Lombardi.

Use este espaço apenas para a comunicação de erros

Principais Manchetes

Receba nossas notícias NO CELULAR

WhatsappTelegram

WHATSAPP: As regras de privacidade dos grupos são definidas pelo WhatsApp. Ao entrar, seu número pode ser visto por outros integrantes do grupo.