O pai de Eluana Englaro, a italiana de 37 anos que está em estado vegetativo desde 1992 e que foi transferida para um hospital para morrer, pediu silêncio e respeito nos últimos dias da filha.
Em declarações publicadas nesta quarta-feira (4) pelo jornal La Repubblica, Giuseppe Englaro pediu que "se coloque uma cortina" ao redor da cama da filha.
Giuseppe Englaro disse que não voltará a falar até que "termine tudo".
A família Englaro pediu na terça-feira, por intermédio de seu advogado, Vittorio Angiolini, que "o episódio final desta tragédia seja concluído com silêncio" e anunciou que não serão emitidos boletins médicos sobre o estado de Eluana.
O silêncio e a discrição cercaram a primeira noite de Eluana na clínica Quiete, em Udine, no noroeste da Itália, onde, nos próximos dias, uma equipe de voluntários retirará progressivamente a alimentação e a hidratação da italiana.
Os médicos, enfermeiros e responsáveis da clínica mantêm um silêncio total sobre o caso, respeitando o pedido da família, e policiais vigiam tanto o lado de fora do centro médico quanto a porta do quarto de Eluana, para garantir a privacidade.
Os médicos calculam que, retirada a sonda, Eluana deve demorar 15 dias para morrer.
Protesto e polêmica
Durante a noite, um grupo de membros do Partido Radical e da associação Luca Coscioni fez uma manifestação diante da clínica Quiete, para pedir ao governo que aprove uma lei sobre o testamento vital.
Nestes dias, o centro médico de Udine deve se transformar no cenário da profunda divisão do país sobre o caso de Eluana, com contínuas manifestações de grupos a favor ou contra o "direito de morrer".
Eluana Englaro, a italiana que se tornou um símbolo do movimento pró-eutanásia, foi transferida na terça-feira para Udine.
A ambulância que a levou deixou a clínica onde ela estava em Lecco, próximo a Milão, desde que entrou em estado vegetativo após sofrer um acidente de carro 17 anos atrás.
Um grupo de manifestantes contrários à eutanásia tentou evitar a saída do veículo. Eles gritavam "Não a matem", segundo a agência Ansa.
A decisão de permitir o fim da vida de Eluana gerou um imenso debate na Itália, com o Vaticano apoiando os adversários do "direito de morrer".
Em 21 de janeiro, um tribunal de Milão derrubou uma decisão de autoridades regionais que impedia os hospitais da região de cooperar com o fim da vida de Eluana. Isso encerrou a batalha judicial de dez anos travada pelo pai de Eluana, Beppino.
Um clínica geriátrica de Udine ofereceu-se para encerrar a vida de Eluana, dizendo-se preparada para os procedimentos.
No domingo, o Papa Bento XVI rejeitou a eutanásia como uma "falsa resposta" ao sofrimento, dizendo que aqueles que estão com dor deveriam ter ajuda para enfrentá-la. O pontífice apoiou a campanha da Igreja Católica contra a eutanásia de Eluana.