O pai dos dois suspeitos de terem promovido o atentando a bomba durante a Maratona de Boston, Anzor Tsarnaev, adiou uma viagem que faria aos Estados Unidos por motivos de saúde. Na semana passada ele havia dito que viajaria da Rússia para os EUA para ver seu filho mais novo, Dzhokhar, que está preso, e enterrar o mais velho, Tamerlan, que morreu em um confronto com a polícia.
Anzor disse neste domingo para a Associated Press que está "muito doente" e que sua pressão sanguínea subiu muito. Ele afirmou que vai permanecer na Chechênia, província no sul da Rússia, mas não revelou se está hospitalizado. Antes dos atentados ele e a mãe dos suspeitos, Zubeidat Tsarnaeva, viviam no Daguestão, mas foram obrigados a se mudar em função do assédio da imprensa e de curiosos. Ao longo da última semana Anzor e Zubeidat foram exaustivamente interrogados por investigadores dos EUA que viajaram para Makhachkala.
Separadamente, o deputado norte-americano Michael McCaul disse acreditar que Tamerlan e Dzhokhar receberam treinamento militar e que a mãe deles teve "um papel muito forte" no processo de radicalização dos filhos. O deputado, que é presidente do Comitê de Segurança Interna da Câmara, comentou sobre uma ligação telefônica entre Zubeidat e Tamerlan, gravada secretamente por autoridades russas em 2011. No diálogo eles discutem vagamente a jihad - guerra santa dos muçulmanos - e citam a possibilidade dele ir para a Palestina.
Em uma segunda ligação, Zubeidat conversou com um homem na região do Cáucaso que estava sendo investigado pelo FBI, segundo fontes com conhecimento do assunto. Em nenhuma das duas ligações existem referências a um possível ataque nos EUA. Jacqueline Maguire, porta-voz do FBI em Washington, onde a investigação está baseada, se recusou a comentar o assunto.
As autoridades americanas acusam Tamerlan e Dzhohkar de detonarem duas bombas caseiras no dia 15 de abril, na linha de chegada da Maratona de Boston, uma das provas mais tradicionais de atletismo nos EUA. O atentado deixou três mortos e mais de 260 feridos. Tamerlan morreu em um tiroteio com a polícia e o irmão mais novo está sob prisão domiciliar em um hospital.
O FBI chegou a realizar uma breve investigação de Tamerlan e sua mãe em 2011, mas após alguns meses eles não encontraram nenhuma evidência de que os dois estariam envolvidos em planos terroristas. A polícia americana pediu mais informações às autoridade russas, porém não obteve respostas e fechou o caso em junho daquele ano.
Jim Treacy, adido do FBI em Moscou entre 2007 e 2009, disse que os russos pediram assistência aos EUA há muito tempo sobre atividades terroristas na Chechênia. Dzhohkar afirmou aos investigadores dos FBI que ele e o irmão estavam irritados com as guerras no Afeganistão e Iraque e as mortes de civis muçulmanos nesses países.
Zubeidat negou que ela e os filhos estejam envolvidos em terrorismo, mas neste sábado Ruslan Tsarni, tio dos meninos e ex-cunhado dela, afirmou que a mãe teve "uma grande influência" sobre a fé de Tamerlan. Familiares dizem que ele se tornou mais radical entre 2008 e 2009, quando conheceu um muçulmano identificado apenas como Misha.
Duas fontes do governo americano afirmaram que o FBI acredita ter identificado Misha. Embora não esteja claro se ele chegou a ser interrogado, essas fontes dizem que não foi encontrada nenhuma conexão entre ele os ataques de Boston ou qualquer atividade terrorista.
Neste sábado o porta-voz do Centro Médico Federal de Devens, John Collauti, disse que Dzhohkar está em uma casa segura onde as autoridades podem monitorá-lo. Sua cela tem uma sólida porta de aço com uma janela para observação e uma abertura para a passagem de alimentos e medicação.