São Paulo – Entidades de combate à falsificação e a indústria eletroeletrônica nacional criticaram a medida provisória que legaliza a importação de produtos do Paraguai.

CARREGANDO :)

As entidades reclamam da decisão do governo, que teria cedido à pressão paraguaia para institucionalizar o país como corredor de importação depois de melhorar a fiscalização, reduzindo o contrabando.

Segundo o presidente da Associação Brasileira da Indústria Elétrica e Eletrônica (Abinee), Humberto Barbato, a medida é um remédio errado para o problema do contrabando, e vai reduzir o investimento na indústria. "O governo se escancarou para a China. Quem vai se instalar no país com concorrência de terceiros?’’

Publicidade

É a mesma posição do presidente da Eletros (Associação Nacional de Fabricantes de Produtos Eletroeletrônicos), Lourival Kiçula, que diz ter sido surpreendido pela MP já que a entidade havia discutido com o governo para tentar barrar a medida. "Estamos privilegiando a indústria paraguaia em detrimento da nacional.’’

Ele acredita que a legalização abre precedente para outros países do Mercosul pedirem o mesmo tratamento e estimula a vinda de indústrias asiáticas.

Segundo Barbato, a Abinee deve pedir a análise jurídica da medida na expectativa de derrubar a MP. Se isso não ocorrer, podem pedir a restrição da liberação para produtos não fabricados aqui ou a imposição de cotas por produto, não valor.

Para o presidente do Instituto Brasileiro de Defesa da Competitividade, Edison Vismona, o governo institucionalizou o Paraguai como corredor de importação, beneficiando não os sacoleiros, mas "as organizações criminosas, que vão se fortalecer com a medida’’. "É engodo falar que vai beneficiar o pequeno sacoleiro’’, afirma.

"Vão por terra as ações do governo na fronteira, que estavam reduzindo a entrada de produtos ilegais’’, diz o diretor da ABCF (Associação Brasileira de Combate à Falsificação), Rodolpho Ramazzini. Cerca de cem indústrias são associadas à entidade, entre elas Sony, Lacoste e Pfizer.

Publicidade

A medida gerou críticas à política externa brasileira, que estaria indo contra os interesses da indústria nacional. "O Brasil tem o hábito de ceder às pressões dos vizinhos’’, diz Barbato.

Para Vismona, a medida sequer irá funcionar, já que não há mecanismos para fiscalizar a nova tributação.