Apenas um mês depois de sediar uma cúpula entre o presidente Trump e o ditador norte-coreano Kim Jong Un, o Vietnã deportou três refugiados norte-coreanos, enviando-os para a China para um futuro incerto em sua terra natal.
As deportações marcam um preocupante novo capítulo para fugitivos norte-coreanos, que antes estavam seguros se conseguissem escapar da captura na China e chegar a um terceiro país.
As deportações também podem ser uma indicação da crescente influência diplomática e menor isolamento da Coreia do Norte desde que Kim subiu ao palco global no ano passado.
"Estou preocupado que o envolvimento diplomático de Kim Jong Un com o Vietnã possa tê-los influenciado a deportar os refugiados norte-coreanos", disse Sokeel Park, diretor da Coreia do Sul para um grupo chamado Liberdade na Coreia do Norte, que ajuda refugiados norte-coreanos a cruzar fronteiras e se adaptar à vida no sul.
Direitos humanos
Mas grupos de refugiados também culparam o governo da Coreia do Sul, em meio a relatos de que o país não respondeu prontamente a um pedido para ajudar os refugiados depois que eles foram presos no Vietnã. Refugiados norte-coreanos na Coreia do Sul acusam o governo de Seul de colocar os laços com Pyongyang antes das questões de direitos humanos.
Funcionários humanitários disseram ao jornal sul-coreano Chosun Ilbo que o Ministério das Relações Exteriores da Coreia do Sul não respondeu a um pedido para ajudar os refugiados, uma afirmação que o ministério negou.
Três norte-coreanos que fugiram de seu país via China foram presos na cidade vietnamita de Ha Tinh na segunda-feira (1º), de acordo com o Chosun Ilbo. Trabalhadores humanitários que estavam ajudando os refugiados entraram em contato com a embaixada sul-coreana no Vietnã e foram orientados a contatar diretamente o Ministério das Relações Exteriores de Seul.
O ministério repetidamente disse a eles que esperassem, mas nenhuma assistência foi fornecida antes que os refugiados fossem enviados à China na quarta-feira, disseram os trabalhadores humanitários ao Chosun Ilbo. A China vê os desertores norte-coreanos como migrantes econômicos ilegais e os repatria para seu país de origem, onde eles enfrentam severas punições.
O Ministério das Relações Exteriores em Seul negou o relato, dizendo em um comunicado que o ministério "imediatamente entrou em contato com as autoridades locais e tomou uma posição contra a repatriação forçada para a Coreia do Norte". O ministério se recusou a comentar sobre a segurança e o paradeiro dos refugiados.
Precedente
Han Jin-myung, um diplomata norte-coreano que serviu no Vietnã antes de desertar para a Coreia do Sul em 2015, disse que o governo de Seul deveria ter agido mais rapidamente.
"O Vietnã está em uma posição delicada, politicamente próximo à Coreia do Norte e economicamente perto da Coreia do Sul. Apenas o governo de Seul pode tomar a iniciativa de resgatar esses refugiados", disse ele. "O Vietnã não poderia tê-los deportado se os sul-coreanos prontamente interviessem. É irresponsável para o governo de Seul deixar isso acontecer".
O Vietnã tem sido um dos países do Sudeste Asiático que oferecem abrigo seguro para fugitivos norte-coreanos, ajudando-os a chegar à Coreia do Sul.
"Uma vez que os refugiados norte-coreanos consigam passar pela China, eles normalmente estão seguros", disse Sokeel Park. "O fato de que eles foram repatriados do Vietnã, depois de tudo isso, é realmente preocupante. Não queremos que isso estabeleça um precedente."
O número de norte-coreanos vindo anualmente à Coreia do Sul caiu pela metade desde que Kim Jong Un chegou ao poder em 2011. Os legisladores sul-coreanos atribuem a queda a controles de fronteira mais rígidos e à repatriação de refugiados pela China para a Coreia do Norte.
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