As principais potências mundiais firmaram nesta quinta-feira um acordo que prevê um pacote de incentivos e sanções para pressionar o Irã a suspender seu programa nuclear.
- Acreditamos oferecer ao Irã a chance de obter um acordo negociado com base na cooperação - disse a chanceler britânica, Margaret Beckett, em entrevista coletiva, acrescentando que as potências estão preparadas para suspender a ação do Conselho de Segurança da ONU caso Teerã desista de enriquecer urânio.
Autoridades disseram que detalhes só serão divulgados após a apresentação do pacote ao Irã, que diz não estar disposto a abrir mão do enriquecimento de urânio. Os EUA só aceitam negociar diretamente com Teerã se essas atividades nucleares pararem.
No entanto, segundo a agência AP, que teve acesso ao rascunho do texto por meio de parentes de diplomatas, a resolução formulada em Viena deve pedir a imposição de sanções contra o país islâmico. Mas evitaria fazer referência a um artigo da Carta das Nações Unidas que pode possibilitar ações militares.
A proposta ainda pediria novas consultas entre os cinco membros permanentes do Conselho de Segurança da ONU sobre qualquer passo a mais contra o Irã. A idéia seria dispersar reclamações da Rússia e da China.
As possíveis sanções incluiriam ainda restrições a vistos para autoridades do governo iraniano, congelamento de bens dos envolvidos no programa nuclear do país, um embargo de armas e a suspensão da remessa ao Irã de produtos do refino de petróleo.
Mais cedo, o Irã rejeitou as condições impostas pelos Estados Unidos para uma negociação direta. O Ocidente acusa Teerã de desenvolver armas nucleares, mas a República Islâmica garante que seu programa é voltado exclusivamente para a geração de eletricidade com fins civis.
O acordo sobre o pacote foi obtido em Viena, onde se reuniram os ministros de Relações Exteriores de Estados Unidos, Grã-Bretanha, França, Rússia, China (todos membros permanentes do Conselho de Segurança) e Alemanha, além do chefe de política externa da União Européia, Javier Solana.
- Decidimos criar propostas abrangentes como base para as discussões com o Irã - disse Margaret Beckett.
Rússia e China vinham se opondo a qualquer punição ao Irã, e a chanceler britânica não deu detalhes sobre o pacote.
- Estamos preparados para retomar as negociações caso o Irã retome a suspensão de todas as atividades relativas ao enriquecimento e reprocessamento (de urânio), como solicitado pela AIEA (agência nuclear da ONU). E suspenderíamos a ação no Conselho de Segurança - acrescentou a ministra. - Também decidimos que, se o Irã decidir não aderir à negociação, novas medidas terão de ser tomadas no Conselho de Segurança. Pedimos ao Irã que trilhe um caminho positivo e considere seriamente as nossas propostas substanciais, que podem acarretar benefícios significativos.
Uma importante autoridade americana disse que o Irã terá poucas semanas para responder à proposta da comunidade internacional, antes que as potências ocidentais recorram ao Conselho de Segurança.
Ainda segundo essa autoridade, Grã-Bretanha, França, Alemanha, Rússia e China teriam concordado em adotar medidas duras caso o Irã rejeite o acordo.
Um diplomata europeu em Viena disse que a imediata rejeição do Irã às negociações não parece ser definitiva:
- Não apresentamos o pacote a eles ainda, e nada que eles disseram até agora parece descartar a possibilidade de agarrar essa oportunidade.
O anúncio da oferta levou a cotação do petróleo para abaixo dos US$ 71 por barril, mantendo uma tendência iniciada quando os EUA sinalizaram a intenção de negociar diretamente com Teerã, apesar de os dois países não manterem relações diplomáticas desde 1980.
Antes da reunião em Viena, diplomatas disseram que entre os incentivos propostos deve aparecer a construção de um reator de água-leve e garantias de fornecimento internacional de combustível nuclear para o Irã, de modo que Teerã não precisaria enriquecer urânio por conta própria.
O urânio enriquecido pode ser usado em usinas nucleares. Com um grau ainda mais elevado de pureza, pode compor armas nucleares.
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