Voluntários
Hospital improvisado pelos Médicos sem Fronteiras salva sírios
Agência O Globo
É um segredo bem guardado para o mundo, mas que se espalhou rapidamente entre a população síria. Há dois meses, um hospital está funcionando num enclave rebelde no norte e vem recebendo pacientes de todo o país.
Sem autorização do governo, a unidade dos Médicos sem Fronteiras se transformou em muitos casos na única esperança para uma população que se vê encurralada por fogo cruzado, bombardeios e a mira de franco-atiradores.
Em apenas dois meses, o pequeno hospital instalado em seis dias numa casa semiacabada fez 150 cirurgias, atendendo a mais de 350 pessoas. Lá dentro, sete estrangeiros e 50 sírios se revezam no trabalho 24 horas por dia. O governo sabe que o MSF está no país, mas não conhece a localização do hospital. Estão por sua conta e risco.
"Há pessoas que viajam um dia para chegar ao nosso hospital. Às vezes, chegam tarde demais para serem salvas", diz em entrevista coletiva por telefone a cirurgiã dinamarquesa Katherine Holte.
De Paris, Katherine, o coordenador de emergências Brian Moller e a anestesista Kelly Dilworth contam que 90% dos casos estão relacionados à violência: a maioria é vítima dos bombardeios, disparos de tanques e artilharia pesada. A equipe está sujeita aos mesmos perigos que os sírios.
Rússia e China condenaram ontem as declarações do presidente americano, Barack Obama, que sugerem uma possível ação militar contra a Síria no caso do uso de armas químicas pelo regime de Bashar Assad.
Segundo Moscou, ações unilaterais que violem decisões do Conselho de Segurança não serão toleradas pelos dois governos que já vetaram por três vezes resoluções contra Damasco nesse fórum.
"Rússia e China baseiam sua cooperação na necessidade de seguir estritamente as leis internacionais e os princípios contidos na Carta da ONU, e em não permitir suas violações", disse o chanceler russo, Sergei Lavrov, após encontro com o conselheiro de Estado da China, Dai Bingguo. "Acredito que este é o único caminho correto nas condições de hoje", acrescentou.
Na segunda-feira, Obama disse que a "linha vermelha" para seu governo é "começar a ver um monte de armas químicas sendo levadas de lá para cá ou sendo usadas". Segundo ele, já há "planos de contingência" para esses casos.
Acredita-se que o país tenha vasto arsenal, incluindo os gases mostarda e sarin. Já o governo sírio considerou as ameaças parte de uma "propaganda eleitoral" para o público americano e comparou as suspeitas aventadas por Obama com as denúncias sobre a existências de armas de destruição em massa no Iraque, que levaram à invasão do país vizinho em 2003.
"O Ocidente está procurando uma oportunidade para uma intervenção militar na Síria, mas uma intervenção assim é impossível", disse Qadri Jamil, vice-premiê sírio, durante coletiva de imprensa em Moscou, onde se encontrou com Lavrov.
"Quem considera isso evidentemente quer ver a crise se expandir para além da Síria", disse, numa referência velada ao argumento de que o Irã seria o real alvo de uma intervenção na Síria.
Saída
Em declarações reproduzidas por algumas agências de notícias, Jamil teria considerado ainda a possibilidade de negociar a saída de Assad o que não foi confirmado pelo regime.
"Fazer da renúncia uma condição para manter o diálogo significa que nunca se poderá ter tal diálogo. Mas nas negociações se pode tratar de qualquer problema. Estamos dispostos, inclusive, a falar sobre esse ponto."
A agência russa RIA Novosti, contudo, cita apenas o trecho em que Jamil resiste em colocar a renúncia de Assad como uma pré-condição para o diálogo. Segundo a agência, Jamil teria sugerido algum tipo de consulta popular sobre a saída do ditador.
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