Rapidamente após o líder da oposicionista Juan Guaidó se declarar presidente interino da Venezuela nesta quarta-feira (23), líderes da América Latina e de outros países confirmaram apoio ao presidente interino, aumentando o isolamento diplomático ao regime do ditador Nicolás Maduro. Entre os países que anunciaram apoio ao líder opositor estão Brasil e quase todos os outros do Grupo de Lima, Estados Unidos e Canadá.
Em discurso nesta quarta-feira, Maduro disse que o seu país rompeu relações com os Estados Unidos, após o presidente Trump ter reconhecido o líder opositor como presidente interino.
Trump foi o primeiro a reconhecer a presidência de Guaidó. Em comunicado, o presidente norte-americano afirma que, fazendo uso de seu posto "legítimo" eleito pelo povo venezuelano, a Assembleia Nacional invocou a Constituição local para declarar o presidente Nicolás Maduro como "ilegítimo", o que deixaria a presidência vaga. "O povo da Venezuela tem se pronunciado de modo corajoso contra Maduro e seu regime e exigido liberdade e o Estado de Direito", afirma a nota da Casa Branca.
Trump afirma que continuará a usar "todo o peso do poder econômico e diplomático dos Estados Unidos para pressionar pela restauração da democracia venezuelana". Ele diz ainda que encoraja outros governos do Hemisfério Ocidental a reconhecer Guaidó como presidente interino e trabalhar de modo construtivo com eles em apoio aos esforços do parlamentar para "restaurar a legitimidade constitucional"."
Mais tarde, Trump voltou a fazer comentários sobre a Venezuela. “Não estamos considerando nada, mas todas as opções estão sobre a mesa”, afirmou o republicano durante rápida conversa com repórteres na Casa Branca.
O Ministério de Relações Exteriores do Brasil reconheceu Guaidó como presidente da Venezuela. Pelo Twitter, o chanceler Ernesto Araújo afirmou que o Brasil “oferece apoio para o processo de transição democrática que hoje se inicia naquele país”. Em nota à imprensa, o Itamaraty afirmou: “O Brasil apoiará política e economicamente o processo de transição para que a democracia e a paz social voltem à Venezuela”. A mensagem foi reproduzida pelo presidente Jair Bolsonaro no Twitter.
Bolsonaro divulgou um vídeo em que reafirma o apoio o processo de transição da Venezuela ao lado da chanceler do Canadá (Chrystia Freeland), vice-presidente do Peru (Mercedes Aráoz) e presidente da Colômbia (Iván Duque).
O chanceler da Colômbia, Carlos Holmes Trujillo, se pronunciou logo depois de Guaidó ter se juramentado presidente: “A Colômbia reconhece e expressa seu pleno respaldo ao presidente da Assembleia Nacional, Juan Guaidó, que assumiu nesta data como presidente engarregado da República Bolivariana na Venezuela”.
O presidente da Colômbia, Iván Duque disse que a sua nação vai acompanhar Guaidó “no seu processo de transição em direção à democracia”.
O presidente do Paraguai, Mario Abdo Benitez, reafirmou pelo Twitter que o seu país apoia o presidente interino da Venezuela. “Contem conosco para abraçar a liberdade e democracia novamente”.
O governo da Argentina também reconheceu a legitimidade de Guaidó. O presidente Maurício Macri afirmou: “Quero expressar meu apoio à decisão do presidente da Assembleia Nacional da Venezuela, Juan Guaidó, o reconhecendo como presidente encarregado deste país”.
O Chile também manifestou apoio ao novo presidente interino. O presidente Sebastian Piñera disse pelo Twitter que “o Chile reconhece a Juan Guaidó como presidente encarregado da Venezuela, e manifestamos total apoio em sua missão de recuperar a democracia, o Estado de Direito e os direitos humanos. Maduro é parte do problema e não da solução, e a única saída pacífica para a crise da Venezuela são eleições livres”.
O governo do Canadá também reconhece o líder Juan Guaidó como presidente interino da Venezuela.
O secretário-geral da OEA (Organização dos Estados Americanos), Luis Almagro, também divulgou uma mensagem de reconhecimento e felicitação a Guaidó. "Tem todo nosso reconhecimento para impulsionar o retorno do país à democracia", postou em seu Twitter.
Juan Guaidó também teve apoio do presidente do Conselho Europeu, Donald Tusk. Ele afirmou: “Espero que toda a Europa se una em apoio às forças democráticas na Venezuela. Ao contrário de Maduro, a assembleia parlamentar, incluindo Juan Guaidó, tem um mandato democrático dos cidadãos venezuelanos”.
Questionamento
A presidente do PT, Gleisi Hoffmann, condenou nesta quarta a decisão dos Estados Unidos e do governo Bolsonaro de reconhecer Juan Guaidó como presidente interino da Venezuela. Gleisi disse que o presidente norte-americano, Donald Trump, não tem legitimidade para fazer essa interferência e alertou para o "precedente" que isso criará na América Latina.
"Qual é a legitimidade de um presidente norte-americano para reconhecer um presidente de outro país sendo que esse país passou por um processo eleitoral? Critique-se ou não o processo, ele foi feito dentro das regras constitucionais da Venezuela. E lá o voto é facultativo e teve candidatura de oposição. Imagina se a moda pega? Vamos ter daqui a pouco o presidente dos Estados Unidos, do Brasil, de outros países interferindo na soberania e na autodeterminação dos países?", perguntou. "É muito ruim isso porque abre um precedente de instabilidade na região da América Latina".
Em seguida, Gleisi também criticou a decisão do governo brasileiro de acompanhar o entendimento dos Estados Unidos. Ela questionou, então, se o próximo passo da gestão Jair Bolsonaro será entrar numa guerra contra o país vizinho. "Acho mais grave ainda o governo brasileiro se posicionar favorável porque isso leva a uma intervenção, uma intervenção desse tipo para ser realizada vai levar à força bruta. Isso quer dizer que o presidente Bolsonaro vai enviar tropas brasileiras para Venezuela? Com quem dinheiro? Colocando em risco a vida dos brasileiros?", argumentou. "Ei, espera aí! Você vai criar um conflito para nós aqui? Você está longe e vai criar uma guerra aqui? É sobre isso que a gente está falando".
A Rússia manteve o reconhecimento de Maduro como presidente legítimo da Venezuela.
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